29 de março de 2014

Capítulo 3 (VCAM)

| ||

Olhei para o meu cabelo castanho escuro no reflexo do espelho. Até que não estava tão ruim. Os cachos naturais dele estavam leves e brilhantes. A maquiagem era leve e ressaltava os olhos verdes que eu havia herdado da minha avó, Matilde. As maçãs do meu rosto estavam rosadas. A bata branca que eu usava não ressaltava o pouco de seio que eu possuía, mas formava um conjunto bonito com o short jeans, deixando à mostra as coxas perfeitas que eu tinha trabalhado tanto para conseguir.
Fazia quatro dias que eu havia conhecido o Jacob, e o telefone dele estava gravado na minha agenda, mas ninguém tinha me dado trégua para que pudesse ligar.
Ao voltar para casa naquele dia, tive que escutar, ou fingir que escutava, as broncas da minha mãe e da minha avó. O bom disso tudo?! Lana não tinha saído dessa impune, e teve que me dar roupas novas. O cartão sem limites dela foi uma ótima fada madrinha.
Esta noite haveria outro encontro das madrinhas de Lana, e eu, como torturada número cinco, estava intimada a participar. Segundo algumas conversas que escutei pela casa, decidiriam alguns últimos detalhes do chá de cozinha, nessa reunião.
Peguei o celular, deixando o número de Jacob na lista de números mais importantes, a qualquer momento eu ligaria para ele, era só surgir uma oportunidade.

— Eu queria fazer um chá de cozinha diferente — começou Lana, para minha infelicidade.
— E como seria esse diferente?
— Não sei! Na despedida de solteira serão apenas mulheres, no chá de cozinha eu queria apenas casais.

Eu estava contendo meus sentimentos por ela, mas depois disso eu simplesmente mandei o bom senso para o espaço. Olhei novamente para o celular em meu colo, eu queria fugir dali e poder ligar para ele.

— Casais? — Camila perguntou assustada.
— É, casais! O Dimitri vem, e nós podemos fazer várias brincadeiras.
— Isso não é bem ensino médio? — Pronunciei-me pela primeira vez.
— Claro que não. — Deu-me um sorriso maldoso. — Não está com medo de brincar de sete minutos no paraíso, está, Julliet? — Respirei fundo, buscando aquela baboseira de paz interior.
— Aquilo foi há doze anos — tranquei o maxilar. — Nada mais que um episódio adolescente.
— Que ótimo, porque eu quero que tenha essa brincadeira, mas só entre os casais já previamente formados, é claro. Está anotando tudo aí, Joyce? — A coitada da moça só assentiu, enquanto digitava furiosamente no smartphone.
— E a decoração? — Sofia a questionou.
— Quero tudo em tons de azul tiffany, pink e branco. Vai ser no jardim aqui da casa da minha vó. O espaço é grande, só temos que organizar muito bem, e montar grandes tendas enfeitadas com luzes de LED.
— Vai ficar lindo! — Sofia era a mais sonhadora, e pelo que eu percebi o namorado a enrolava há um bom tempo.
— O que mais Lana?... — eu disse entediada, olhando para o aparelho em meu colo, todas já começavam a desconfiar que algo estava errado.
— Lista de convidados. Você vai ficar encarregada da lista de convidados.
— Mas, Lana, a Julliet não tem acompanhante!
— Pouco me importa, Camila. Se ela não tiver acompanhante, não entra na festa, mesmo que tenha ajudado a organizar.

Senti cinco pares de olhos me observarem atentamente. Eu fingi não ver isso e saí da sala. Ligar para Jacob era minha prioridade, naquele momento.
Escutei ansiosamente o barulho irritante da chamada, até que caiu na caixa postal. Tentei mais duas vezes e aconteceu a mesma coisa. Afinal, por que eu estava assim? Era só um cara.
Voltei para onde as garotas estavam e me sentei como se nada houvesse acontecido, ignorando completamente o sentimento de tristeza e pesar que caía sobre mim.

— Você tem que arrumar um par, Julliet! Não tem ninguém que possa lhe acompanhar? — Sofia me falou prestativa.

Olhei para frente e pensei na possibilidade. Será que... Não. Nem ouse fazer isso, Julliet.

— Sinceramente, garotas, vocês acham que a Julliet tem alguém? Olhem para ela, é bem sucedida no trabalho, mas de que adianta isso e não ter ninguém?
— Eu tenho alguém, sim! — Quando me dei conta do que disse, tive vontade de me bater.
— É?! E quem é esse louco?
— Mas você não disse que era solteira? — As outras questionaram.
— Nós nos conhecemos há um ano, e não temos um relacionamento sério, por isso disse que estava solteira.
— Canalha! — Assustei-me com o grito de Joyce.
— Como?
— Ele te enrola há um ano, Julliet!
— Não, ele não me enrola! — Apressei-me em corrigi-la. — Nós moramos em cidades diferentes, fica difícil manter contato.
— E como ele é?! — Se minha prima tinha a intenção de me humilhar, eu havia virado o jogo completamente e ela, novamente, estava sendo ignorada pelas próprias amigas.
— É... Ele...
— Não fique com vergonha, Julliet. Estamos entre amigas. — Pâmela falou e as outras concordaram, menos, é claro, Lana.
— Ele é alto — falei meio desesperada.
— E o que mais? Fale, Julliet! Estamos curiosas. Para você gostar dele, deve ser um homem e tanto.

É... Um homem e tanto... Meu Deus, o que eu faço? Mal percebi o que saía da minha boca, enquanto eu pintava um quadro do suposto homem.

— Ele é moreno e tem um sotaque espanhol de matar qualquer mulher. O corpo dele é perfeito, tudo em seu devido lugar. É engraçado e, quando nos conhecemos, apesar de ter sido uma situação bem constrangedora, ele conseguiu me chamar para sair sem eu nem mesmo perceber. Ele tem um sorriso lindo — sorri, lembrando-me de quem eu acabara de descrever.
— Você está apaixonada. — Sofia estava com os olhos brilhando.
— O quê?!
— Apaixonada por ele! E qual é o nome do felizardo?
— Jacob Black — coloquei as mãos tampando minha boca, antes que eu falasse mais alguma besteira.
— Não conheço esse sobrenome — Lana falou. — É algum pobrezinho?
— Olha, Lana, será que dá para não falar dele assim? Se você não me respeita, tudo bem, mas não pode julgar alguém que nem conhece. — Ela fingiu bocejar, mostrando não ter nenhum interesse no que falei.
— E o que ele faz? Você ainda não disse. — Insistiu no assunto que eu não sabia.
— Me deixe em paz, Lana!

Levantei-me e subi as escadas, para o meu quarto, mas aí me lembrei de que ele também era o quarto da minha querida prima. Dei meia volta, e já estava saindo quando a própria me interceptou.

— Por que está tão na defensiva, Julliet?
— Não estou na defensiva.
— Então por que não fala logo o que seu namorado faz?
— Porque este assunto não lhe diz respeito.
— Ah, na verdade diz, sim. Não pode trazer qualquer um para o meu chá de cozinha!
— Como?
— É isso que ouviu. Traga esse Jacob Black para o chá de cozinha, então veremos se ele é ou não real, como você diz.
— Não pode estar falando sério.
— Está combinado.

Ela me deu as costas e seguiu de volta para a sala. Eu tinha certeza de duas coisas: ela nunca tinha falado tão sério em toda a sua vida, e eu estava completamente ferrada.
Joguei as mãos para o alto e passei-as por meus cabelos em um gesto claramente nervoso. O celular vibrou na minha mão, e eu nem me dei o trabalho de olhar quem era, só atendi.

— Alô.
— Jullie? — A voz rouca e carregada de sotaque me despertou.
— Jacob?!
— Sou eu — pigarreou do outro lado da linha. — Você me ligou mais cedo?
— Liguei eu... Disse que ligaria, não?!
— Desculpe não ter atendido, eu estava no banho.
— Sem problemas.

Ficamos em silêncio por um tempo. Por que mesmo eu peguei o telefone dele?! Ah sim! Para não correr o risco de ele ser um perseguidor estranho. A quem eu estou querendo enganar?!

— Então... Tem algum plano para hoje à noite?
— Não — pude sentir o sorriso em sua voz.
— Podemos sair para jantar, o que acha?
— Aonde vamos nos encontrar?
— Não sei. Você escolhe o lugar.
— Anota o endereço.

Corri para pegar a agenda.

— Nos vemos em uma hora? Certo?
— Certo. Tchau Jacob.
— Até mais.

Desliguei o telefone me sentindo nas nuvens. Era estranho. Nunca tinha ficado tão animada com apenas um encontro.
Escolhi um vestido nude, com uma saia levemente rodada e decote discreto. Coloquei um cinto só para marcar a cintura, e uma rasteira estilo gladiador. Não sabia que lugar seria esse, mas se fosse formal ou não, estaria vestida apropriadamente.
Quarenta minutos depois, eu desci as escadas e encontrei minha mãe, arrumando as flores no vaso da entrada.

— Vai sair?
— Aham.
— Encontro?
— Talvez — sorri com sua cara de descrença. — Sim, é um encontro.
— Ótimo. Divirta-se!

Localizei o endereço no GPS e cortei caminho por um atalho. Apesar do enorme fluxo de carros, cheguei ao meu destino com apenas quinze minutos de atraso. Até porque não era muito legal chegar na hora certa, sempre tive a impressão de que quem fazia isso, parecia desesperada aos olhos dos outros.
A rua estava parada e, além do meu, possuía só mais dois carros estacionados. Olhei novamente para o endereço no papel, e cheguei a pensar que talvez eu tivesse anotado errado. Bom, se não fosse ali, eu ligava para Jacob e perguntaria o endereço certo.
Atravessei para o outro lado da calçada, e parei em frente a um prédio antigo. Apertei o interfone no número escrito na agenda, e esperei alguém me atender.

— Pois não.
— Jacob, é a Julliet.
— Achei que não viria mais.
— Só estou atrasada alguns minutos. Abre para mim? — A trava fez um barulho e o portão abriu.
— Último andar — falou antes de desligar.

Entrei no hall um pouco receosa. Ele havia me convidado para jantar em seu apartamento?
O elevador me encantou por ser um daqueles antigos, com porta estilo sanfona. Não vou mentir dizendo que foi fácil mexer nele, mas eu consegui. E adorei.
Quando cheguei ao andar, parei bem dentro do apartamento. Era a cobertura do que, na época em que fora construído, era um prédio de luxo. O local era amplo e a sala era bem simples, mas eu não conseguia encontrar simplicidade naquilo. Os móveis eram abertamente masculinos, tudo lá exalava masculinidade, conforto e bom gosto.
Jacob apareceu poucos segundos depois da minha precária avaliação de sua casa. Usava uma blusa de mangas estilo segunda pele, azul escura, marcando bíceps, tríceps e todos aqueles músculos que eu não sabia o nome e nem me importava em saber. A calça jeans de lavagem escura, também realçava seu corpo ao extremo. Nos pés calçava um sapa-tênis. O cabelo negro estava naturalmente bagunçado. Era sexy.
— Boa noite — beijou minha bochecha, me deixando zonza com o cheiro de vinho, chocolate e algo totalmente único.
— Boa noite.
— Bem-vinda ao meu lar — fez graça enquanto me levava em direção à cozinha, que era conjugada com a sala.

Assim como a sala, aquele lugar também tinha a cara dele. Tudo era em inox, armários, a geladeira, o forno e o cooktop. Era bem espaçoso, e ele se mexia com desenvoltura, apesar dos quase dois metros de altura.

— Você me convidou para a sua casa na primeira vez em que nos encontramos?
— Segunda — entregou-me uma taça de vinho.
— Certo, na segunda vez?
— Qual o problema?
— E se eu fosse uma maníaca?!

Ele riu, e eu prestei atenção em como os músculos nas costas se tencionaram quando ele se abaixou para abrir o forno, e tirar uma travessa que exalava um cheiro delicioso.

— E se eu fosse um maníaco?!
— Isso mesmo! — Percebi tardiamente que ele estava rindo da minha cara.
— Não vai conseguir me deixar arrependido, então, podemos partir para outro assunto.
— O que está cozinhando?
— Surpresa. Mas... Você pode conter a curiosidade comendo alguns canapés.

A travessa cuidadosamente decorada que Jacob me ofereceu encheu meus olhos. Dizem que primeiro comemos com eles, se isso fosse verdade, os meus estavam satisfeitos somente com os aperitivos. Na base dos canapés havia um pão que eu não conhecia, depois vinha algum tipo de queijo ou requeijão, um galhinho bem verde, um pedaço de mussarela, um pedaço de tomate e por fim, um pedaço de azeitona. Aquilo parecia delicioso.
Não errei no julgamento, quando provei era delicioso. Eu nunca tinha comido nada do tipo.

— De quem é a receita? — Perguntei observando-o arrumar os pratos do nosso jantar.
— Minha.
— Você é uma espécie de chef?
— Pode-se dizer que sim.
— Com assim? Ou você é, ou não!
-- Fiz faculdade de gastronomia, mas nunca quis trabalhar no restaurante de outras pessoas. Quero ter o meu próprio lugar, sabe?
— E por que não tem?
— Porque não é tão fácil assim conseguir dinheiro.

Entregou-me a garrafa de vinho e sua taça.

— Está vendo a porta da sacada?! — Apontou para a sala e eu assenti. — Vá até lá, suba as escadas e coloque isso na mesa, lá em cima.
— Não vamos jantar aqui?
— Não.

Fiz o que ele pediu. Subi os poucos lances da escada, e logo cheguei à cobertura. Assim como o apartamento, ela era confortável e simples. Havia uma parte coberta, que abrigava uma mesa de oito cadeiras e uma churrasqueira. Logo ao lado, duas poltronas de couro preto foram colocadas estrategicamente longe da churrasqueira, e ainda assim cobertas pelas telhas. A iluminação era feita através de lâmpadas frias, também colocadas em lugares estratégicos.
Mas o que me chamou a atenção, foi a mesa para quatro pessoas colocada exatamente no meio do local. Os sousplats eram coloridos e lindamente bordados. Os pratos quadrados e brancos estavam ao lado dos talheres finos. Senti-me lisonjeada, nunca alguém havia sido tão atencioso comigo em apenas um jantar. Geralmente nós só íamos para algum restaurante.
Assim que coloquei as taças e o vinho sobre a mesa, Jacob chegou com os pratos, já arrumando-os para começarmos a comer.

— Bife à Parmegiana, acompanhado de arroz branco e batatas douradas.
— Sinto que quanto mais tempo passo com você, mais peso eu ganho.
— Isso é bom?
— Em circunstâncias normais, não, mas não consigo pensar muito com essa obra à minha frente.
— Então coma.
— Se faz tanta questão — sorri cortando o primeiro pedaço do bife e levando-o à boca.

Minha boca se encheu só com aquela pequena garfada. Eu não cansava de sentir como se fosse a primeira vez que eu comia um verdadeiro Bife à Parmegiana.

— Eu acho que você deveria montar pelo menos uma barraquinha! — Ele riu. — É sério! Eu nunca comi algo tão bom. Nem minha avó te supera!
— Ela não iria gostar de ouvir isso.
— Provavelmente — dei de ombros.
— E o que mais você faz? Além, é claro, da parte em que você cozinha maravilhosamente bem?
— Trabalho no mercado.
— Por pouco tempo, suponho.
— Eu não sei. Preciso conseguir dinheiro para montar o restaurante.
— Já tentou ir a bancos?
— Sim. Eles não emprestam dinheiro para um cara que não tem onde cair morto.
— Duvido. Seu apartamento é lindo demais para alguém que não tem onde cair morto.
— Eu o ganhei dos meus avós. Trabalhei desde os doze para poder comprar toda a mobília. A cozinha foi um presente dos meus pais. O único dinheiro que eu tinha foi gasto comprando um galpão antigo, na divisa entre os bairros.
— Galpão?
— Vem cá.

Jacob levantou-se e seguiu para o extremo da cobertura, levando-me junto. Dava para ver quase a cidade inteira dali.

— A vista é linda.
— Acho que esse foi o motivo dos meus avós o deixarem para mim. Eu sempre adorei isso, a vista, a cidade. Eu nasci aqui e tenho orgulho disso. — O sorriso que ele abriu ao falar isso me encantou.
— Mas de onde vem o sotaque?
— Morei na Argentina durante alguns anos. Minha mãe é de lá, e meu pai é de Los Angeles. Conheceram-se enquanto ele trabalhava no controle de imigração e ela estava quase sendo deportada.
— E o que aconteceu?
— Ela foi de fato deportada, mas meu pai percorreu meio mundo para encontrá-la novamente. Casaram-se e depois deram entrada nos papéis para a cidadania norte-americana dela. Estão juntos até hoje.
— Bonito. Só não acredito que isso aconteça muito.
— Também não, mas eles são meu exemplo.
— Meus pais também, e meus avós, e meus tios.
— Família grande?
— Não faz ideia.
— Tá vendo aquela luz vermelha bem na divisa entre os bairros?

Jacob apontou para uma pequena claridade um pouco longe, mas não impossível de se enxergar. Assenti.

— Eu comprei para montar o restaurante.

Fiquei de frente para ele, observando atentamente sua expressão de sonhador.

— Não foi fácil, e todas as minhas economias foram para isso. Agora não sei quando vou poder abrir o restaurante.
— Vai conseguir, Jacob. Nada é fácil e você já tem o mais difícil que é o lugar. O resto... Está encaminhado.
— Você é muito otimista — olhou-me com incredulidade.
— É um dom.

Meu celular, dentro da bolsa, começou a tocar estridentemente. E eu corri para pegá-lo antes que me fizesse passar mais vergonha.

— Me desculpe — olhei no visor para identificar o número. — Preciso atender, é minha mãe.
— Sem problemas.

Virei-me de costas para ele, e atendi.

— Fiquei sabendo que você está num encontro, priminha.
— Lana?! O que está fazendo com o celular da minha mãe?
— Ela saiu para dar uns pegas no seu pai.
— Poupe-me! E fale como alguém normal!
— Não vou discutir meu modo de falar com você, Julliet. Só quero saber se já disse pro seu Jacob que ele virá ao meu chá de cozinha.
— Ele... — respirei fundo para não matá-la. — Tchau, Lana.
— Tá nervosinha, é?! Aposto que ele ainda não te... — desliguei o telefone antes de Lana concluir sua fala.

Desabei na cadeira sem o mínimo de delicadeza.

— Aconteceu algo? — Jacob parecia preocupado.
— Aconteceu! Eu cavei minha própria cova esta noite — joguei o celular para longe de mim. Não queria olhar para ele tão cedo.
— Posso adivinhar? — Dei de ombros num gesto de “fique à vontade”. — Brigou com sua prima novamente.
— Isso não foi uma adivinhação, mas você está certo. Num momento de desespero, ou era só eu tentando bancar a boazuda na frente dela, eu menti usando...

Parei para pensar. Eu já estava ali com o Jacob, ele precisava de dinheiro e ajuda com o restaurante, e eu precisava de ajuda com a Lana. A solução é tão simples...

— Menti usando seu nome!

Seu rosto estava assustado com minha súbita mudança de humor.

— O que você faria para conseguir seu restaurante? — Mesmo receoso, Jacob me respondeu.
— Qualquer coisa.
— E se eu dissesse que te ajudaria a concluí-lo, se você fizesse algo para mim?!
— Um acordo?
— Isso mesmo.
— Toparia.
— Ainda que não soubesse o que teria que fazer?
— É o meu sonho, Julliet. Faço qualquer coisa por ele.

Engoli em seco e ponderei a ideia. Minha intuição dizia que isso não daria certo, mas a parte que adoraria ver a decepção nos olhos de Lana venceu.

— Preciso que finja ser meu namorado — joguei a bomba.
— Como?
— Menti para Lana e disse que tinha um futuro pretendente, e que o levaria para seu chá de cozinha, que será uma ridícula versão mais velha de “A Noite Adolescente”.
— E disse que eu era o cara?
— Não necessariamente você, mas um homem com as mesmas características e mesmo nome. — Fiz uma careta digna de uma criança que é pega fazendo algo errado. — Estou muito encrencada?
— Julliet, você definitivamente não é uma mulher comum — encheu nossas taças, e entregou uma para mim.
— Isso é bom ou ruim?
— Bom. Definitivamente bom.
— Quer dizer que vai me ajudar?
— Sim.

Mal percebi quando pulei em seu colo e o abracei como se fôssemos velhos conhecidos, ou pior, namorados.

— Espontânea! Vai ser ótimo quando tivermos que fingir um relacionamento para sua família.
— Droga! Tinha que me lembrar disso?
— Ah... tinha. Como também tenho que te lembrar de que teremos que saber tudo sobre o outro. E podemos começar agora, o que acha? — Ofereceu-me um sorriso irresistível.
— Na verdade, podemos conversar sobre isso amanhã, no café enquanto planejamos seu restaurante.
— Tudo para te ver de novo.
— Certo — levantei-me de cima dele, e tirei um poeirinha invisível do vestido. — Preciso ir.
— Você sempre tem que sair como a Cinderela?
— Cinderela? — Soltei uma risada. — Pelo que eu saiba, nunca deixei um pé do sapato para trás.
— Mas sai correndo como se precisasse salvar o mundo.
— Nos vemos amanhã, Jacob. Tenho seu endereço e você, — tirei a agenda da bolsa, anotando meu endereço e o telefone fixo, depois arranquei a folha e a entreguei para ele — agora, também tem o meu.

Jacob me lançou um olhar indecifrável, que me deixou ainda mais intrigada quanto a sua pessoa.

— O jantar estava ótimo.
— Foi bom ter vindo — assenti.

Eu sempre ficava tímida e chateada quando tinha que sair de perto dele. Parecia que eu nunca mais veria a pessoa que fez a diferença em minha vida em tão pouco tempo.

— Nos vemos amanhã — beijei sua bochecha longamente, tentando ficar com seu cheiro por, pelo menos, até a manhã seguinte.


http://fanficteamjacobewolfpackapoio.blogspot.com.br/2014/03/capitulo-2-vcam.html 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Image Map