Lana
não havia dormido no quarto, essa noite, e eu suspeitava que o motivo era o seu
tão falado noivo ter voltado de viagem. Provavelmente o resto da família estava
se reunindo para o desjejum, logo me juntaria a eles só para conversar um pouco
com Morgana, a prima que me era mais próxima.
Havia
terminado de me arrumar, aproximadamente, às oito horas. Estava cedo, mas o
nervosismo era muito maior que o bom senso. Desci as escadas e ia em direção à
cozinha quando Jeremy apareceu, afobado.
—
Senhorita! Tem um rapaz aí querendo entrar, e ele disse que é seu namorado.
—
Quem?! — Perguntei assustada para o senhor que trabalhava naquela casa desde
que eu me entendia por gente.
—
Jacob Black.
—
O quê?
—
Jacob Black?! — Lana surgiu com um sorriso maldoso. — Ele é namorado da Julliet,
Jeremy. Não sabia?! Pode deixá-lo entrar.
Jeremy
procurou por desaprovação em meu rosto, mas tudo que encontrou foi espanto, por
isso saiu e foi abrir o portão.
Um
barulho de motor de moto ficou mais audível e parou repentinamente. Ele estava
estacionando a moto e logo chegaria aqui. Desde quando ele tinha moto?
—
Espero que não se importe, prima, mas o Jacob ligou para o seu celular mais
cedo, e como você estava dormindo feito uma pedra, tomei a liberdade de atender
e convidá-lo para um café da manhã em família, já que ele disse que iriam se
encontrar para fazer o mesmo. Nada melhor que um café em família, não?
Não
tive tempo para responder Lana à altura, porque quando eu me dei conta, Jacob
entrava pela porta principal, vestido impecavelmente em jeans e camiseta. A
combinação mais simples, que o deixava ainda mais deslumbrante.
Ele
andou em minha direção e parou com o rosto a poucos centímetros do meu. Para
onde tinha ido o combinado de primeiro conhecermos mais o outro, para depois
posarmos de casal apaixonado para minha família?
Jacob
era puro vinho e chocolate, e quanto mais perto ele ficava, mais atordoada eu
me tornava. Até que os lábios dele tocaram os meus, e eu senti como se uma
força me empurrasse diretamente para ele. Meus braços envolveram seu pescoço, e
minha boca ganhou vontade própria quando resolveu aceitar aquele carinho e se
abrir, mandando qualquer ideia de ingenuidade para o espaço. As pernas
bambearam, e os braços dele seguraram minha cintura, fazendo todo o trabalho de
me sustentar. A língua dele dançou contra a minha, me levando ao delírio. Seu
gosto completava o cheiro, e eu me perguntava onde estive durante todo esse
tempo sem aquele homem.
Quando
finalmente nos soltamos, eu não conseguia pensar coerentemente, e meu coração
batia tão rápido quanto a bateria de uma daquelas escolas de samba brasileiras.
Eu apostava que meus lábios estavam vermelhos e inchados por conta do beijo, e
os dele não ficavam atrás. Na verdade, a boca dele tinha ficado muito mais
apetitosa daquele jeito.
—
O que você está fazendo aqui? — Questionei-o em meio a sussurros.
—
Não disse que tomaríamos café juntos? Aqui estou eu.
—
Mas...
—
Relaxe, Jullie. Relaxe e curta — piscou fazendo meu fraco coração dar um pulo.
Bom... Se já está no
inferno...
Lana
pigarreou, lembrando-nos de sua indesejável presença.
—
Lana esse é... — Ela adiantou-se, apresentando a si mesma e pegando na mão do
“meu” namorado.
—
Jacob Black, já sei. Sou Lana Stacey.
—
Muito prazer — sorriu o meu sorriso torto. Ele estava mesmo fazendo isso? Dei
uma discreta cotovelada no seu estômago, para ver se ele desconfiava.
—
Se nos dá licença, Lana, preciso conversar com o Jacob.
—
Ah, não mesmo. Vamos tomar café agora — veio às nossas costas e nos empurrou
para fora. — Todos estão nos esperando, e eu já mandei até colocarem uma
cadeira para Jacob bem ao seu lado, Julliet, não é maravilhoso?! — Quase
levantei as mãos e cantei glória, de tanta alegria. — Vó Matilde irá adorar
saber que você tem um namorado. Ela vive fazendo campanha para você aumentar
esse quadril de vara pau, e arrumar um marido — gargalhou.
Chegamos
perto da mesa enorme, e das três menores que abrigavam toda a família. Minhas
chances de nos integrarmos discretamente ao desjejum desabaram assim que Lana
gritou para quem pudesse ouvir, que meu namorado estava ali para tomar café conosco.
Eu
a mataria mais tarde.
—
Namorado? — Os olhos da minha avó quase saltaram.
Minha
mãe tinha a mesma expressão de Matilde, já os homens, principalmente meu pai,
olharam para Jacob ao meu lado tentando intimidá-lo. Acho que essa reação se
devia ao fato de termos poucas mulheres na família. Genética maldita!
—
Você vai a um encontro num dia, e na manhã seguinte aparece com um namorado? —
Meu pai avançaria em Jacob a qualquer momento.
Não me lembro de eles
terem essa reação com a Lana.
—
Pai, pessoal, esse é Jacob — segurei a mão dele com força. — Nós nos conhecemos
há um tempinho, e resolvemos oficializar — dei um sorriso sem graça.
—
Tempinho! — Minha prima precisava ser afogada na piscina outra vez, para
aprender. — Jacob enrola Julliet há um ano! Não é demais?! — Olhou para os
homens como se estivesse os atiçando.
Jacob
estava com a expressão neutra, se eu pudesse dizer algo para ele, diria para
mudar isso rapidamente, quanto mais vissem que ele não estava nem um pouco
apaixonado por mim, mais ele apanharia. Mas até que era corajoso, meu último
namorado que veio conhecer a família terminou comigo menos de uma semana
depois.
—
Então... Jacó — meu pai foi o primeiro a provocá-lo — por que demorou tanto
para assumir minha filha? Por acaso queria apenas tirar a pureza dela e depois
dispensá-la como uma mulher qualquer?
Não
sabia onde enfiar minha cara. De onde ele tirou pureza? Se pureza significava
virgindade, meu pai podia ficar despreocupado. O cara que a tirou estava bem
longe, afinal eu mesma tinha tomado cuidado para que ele não aparecesse na
frente de ninguém por um longo tempo.
—
Não, senhor. Vim aqui justamente para desfazer esse mal entendido. Minhas
intenções com sua filha são as melhores possíveis, e gostaria de pedir sua
permissão para namorá-la.
—
Como assim, permissão? — Sussurrei para ele.
—
Relaxe, Jullie — respondeu da mesma forma, se aproveitando de minha distração
para passar o braço pela minha cintura.
—
E quais são essas “melhores intenções” com a nossa menina, Jacó? — Meu avô
resolveu tomar a frente.
Jacob
pigarreou, como se houvesse sido pego em sua própria teia.
—
As melhores. Envolvem respeito, amor, fidelidade, cumplicidade, noivado,
casamento e família.
Ouvi
claramente as mulheres suspirarem, e os homens empurrarem suas cadeiras para
enfrentar Jacob. Só eu percebi que seria uma luta injusta? Dezessete contra um!
Felizmente, minha mãe resolveu intervir.
—
Ah! Por favor — puxou meu pai de volta para a cadeira e veio nos cumprimentar. —
Que bom que resolveram juntar-se a nós — abraçou e beijou Jacob, como se ele
fosse seu filho. — Bem-vindo à família, Jacob! Não ligue para eles, é o excesso
de testosterona por metro quadrado. Agora, sentem-se conosco e tomem seu
desjejum.
—
Obrigada, mãe — suspirei aliviada.
—
Que é isso, filha. — Jacob estava se sentando, e eu também, quando minha mãe me
puxou e cochichou em meu ouvido. — Dessa vez você acertou. Ele é um pão.
Acho
que ela se empolgou demais na última parte, porque eu tinha certeza de que não
só eu havia escutado.
—
Então, quer dizer que eu sou um pão?! — Jacob levantou uma sobrancelha.
—
Ignore minha mãe, às vezes ela se esquece... Esquece que é minha mãe, e que já
passou da idade de ficar chamando os homens de pão.
—
Sem problemas. Mas já que eu sou o pão, posso te chamar de chuchu? — Tentou
segurar o riso e falhou.
—
Por Deus! Sem esses apelidos ridículos.
—
Tudo bem, eu posso te chamar de cariño.
O
sotaque espanhol dele era perfeito, junte isso àquela voz irresistível
sussurrando em seu ouvido, e a ponta do nariz passeando por seu pescoço. Eu
começava a pirar.
—
Não estamos sozinhos.
—
E daí?
—
Aposto que toda minha família está nos observando.
Jacob
pareceu acordar e se ocupar com a comida à sua frente, porém, mesmo assim ele
não desgrudou um segundo de mim.
—
Quem fez esses bolinhos? — Ele perguntou depois de comer uns cinco de uma vez.
—
Minha avó, por quê?
Meu
“namorado” não me respondeu, só olhou para minha avó com adoração e disse:
—
A senhora tem que me passar a receita desses bolinhos.
Minha
avó, meio assustada com a empolgação dele, mal conseguiu dizer algo.
—
É uma receita de família.
—
Dona Matilde, – disse com uma voz sedutora, olhando para a senhora de cabelos
completamente brancos e poucas rugas no rosto — eu sou praticamente da família!
Nunca provei bolinhos doces tão espetaculares quanto esses.
Só
de elogiar a comida da minha avó, ele já havia ganhado seu coração.
—
Oh, meu filho, assim você me deixa encabulada. Essa é só uma receita de família
que eu tentei passar para sua namorada, — olhou-me duramente — mas ela tem uma
mão péssima para cozinha. Diga-me, você cozinha?
Percebi
minha deixa e me intrometi na conversa.
—
Jacob é formado em gastronomia, vó.
—
É mesmo, meu jovem? — Estava perdendo meu namorado para minha avó.
—
Sim, pela UCLA.
—
Pela UCLA? Mas você não fez direito lá também, Jullie?! Conheceram-se na
universidade, então?
—
Não, nós nos conhecemos só ano passado.
—
Que coisa engraçada é o destino, não? Estiveram perto um do outro por tanto
tempo, e só muito depois que finalmente se encontraram — suspirou
sonhadoramente. — Mas diga-me, Jacob, você trabalha aonde? Adoraria apreciar um
de seus pratos em seu restaurante.
Percebi
que ele tinha ficado um pouco sem graça com o assunto ‘restaurante’, e respondi
eu mesma a pergunta.
—
Jacob ainda está montando seu restaurante, vó. Nós íamos tomar café juntos,
hoje, para tratar disso. Ele já tem o local que, diga-se de passagem, é muito
bem localizado, e só precisa de uma pequena ajuda feminina. Daremos conta de
reformar aquele lugar, então, em pouco tempo, poderemos apreciar seus pratos em
um lugar só dele.
Virei-me
para ele, e tenho certeza de que corei quando Jacob me dedicou o meu sorriso
torto preferido.
—
Oh! Mas isso não é problema. Nossa cozinha está a sua disposição, filho. Aposto
que Julliet adoraria passar mais um tempo com você, aqui. Agora posso perceber
como conquistou minha neta, — ele a olhou questionador — pela barriga, oras! —
Minha família gargalhou. — Só sabendo cozinhar para essa aí gostar. Porque eu
vou te contar filho, ela passa as noites comendo pizza e bebendo vinho, agora,
diga-me: como alguém sobrevive só com isso?
—
Vó... — Tentei pará-la.
—
Mas é verdade! Como pode ver, Jacob, minha neta não gosta de tocar no assunto,
mas agora que ela tem você, espero que consiga fazê-la comer direito.
—
Ah, pode deixar, dona Matilde, comigo, Julliet nunca mais passará fome — sorriu
junto com os outros. Bando de traidores!
—
Okay. Todos já brincaram com a cara da Julliet, aqui, será que podemos seguir
em frente, e falar de outra coisa?
—
Não se irrite, cariño, — Jacob
segurou meu queixo e virou meu rosto para perto do dele — eles só se preocupam
com você, e eu vou me certificar de que minha mulher sempre esteja bem
alimentada.
Se
o objetivo era me deixar mais balançada por ele, conseguiu. Aquela farsa estava
cada vez mais real, e olha que estávamos só no primeiro dia.
—
Eles não são lindos juntos, Vivian?
—
São sim, mamãe. Quase como Vincent e eu, quando éramos mais jovens.
—
Você e Vincent eram muito mais comportados, querida. Na verdade, eu me lembro de
que o seu pai se sentava entre vocês, e os três olhavam para frente, como se
estivessem assistindo a um filme muito interessante. Enquanto eu não chegava e
tirava seu pai de perto, os dois não conversavam. Era engraçadíssimo.
—
É, mãe, engraçadíssimo.
—
Aprenda, Jacob, se você quer realmente uma mulher, tem que correr atrás e
perseverar. E se você gosta mesmo da minha neta quanto aparenta, não se
preocupe com esse tanto de marmanjos tentando te intimidar, eles só se
preocupam muito com Julliet, mas logo vão perceber que você é a escolha certa
para ela.
A
fala de dona Matilde deixou encabulado, não só Jacob, mas a mim também. Minha avó
tinha um dom. E para impedi-la de soltar outra pérola, anunciei nossa partida.
—
Mas já?
—
Vocês nem comeram direito! E eu ainda tenho que passar a receita dos bolinhos
para o Jacob!
Enviei
para ele um olhar que dizia: “negue logo, ou...”, obviamente Jacob foi esperto
o bastante para recusar educadamente o convite da minha avó. Despedimo-nos de
todos, e quando saímos pela porta da sala, lembrei-me de que ele estava de
moto.
—
Vá na frente, eu te sigo de carro. — Eu me preparava para pegar as chaves do
carro, quando ele me parou.
—
Você vai de moto comigo.
—
Sinto muito, mas terei que te contrariar. Como é que eu vou voltar?
—
Eu te trago de volta.
Estava
prestes a contestá-lo, mas ele foi muito mais esperto, segurando minha cintura
com força e me puxando para sua boca. Esse beijo era muito mais intenso, com
suas mãos apertando meu quadril, e seus lábios esmagando os meus sem piedade.
—
Sua prima estava olhando.
Assenti
sem saber realmente o que estava fazendo.
—
Agora ponha o capacete, e sente-se na garupa.
—
Mas...
—
Não questione, Jullie, sabe que vai perder.
Encaixei
o tal capacete e orei para não parecer ridícula.
—
Não está feia — Jacob me tirou dos pensamentos.
—
Como...
—
Está fazendo aquela careta de dúvida e revirando os olhos. Sempre que faz isso,
está na dúvida entre algo.
—
Como sabe tanto assim, se nos encontramos apenas por poucos dias?
—
Sou um cara observador.
Montou
na moto e esperou eu fazer o mesmo.
—
Já andou de moto antes? — Questionou-me ao ver minha hesitação.
—
Não.
—
Não minta, Jullie — olhou para meu, rosto tentando achar a mentira. — Tá de
brincadeira? Não fugiu com um cara mais velho no ensino médio? — Neguei. — Saiu
com um bad boy na faculdade? — Novamente neguei. — O que fez na melhor parte da
vida?
—
Estudei?! E tentei achar algo em que minha prima não me atrapalhasse.
—
Certo, só monte como se fosse um cavalo — falou com uma voz incrédula.
Desajeitadamente,
subi na moto, e quase bati o tornozelo no escapamento.
—
Cuidado com o escapamento! Acredite em mim, não vai querer se queimar aí.
—
Okay. Tomar cuidado com o escapamento.
—
Não precisa ficar com medo, é só segurar firme — puxou minhas mãos e as cruzou
em sua cintura.
Apertei
minhas mãos com mais força, e escondi o rosto em suas costas.
—
Não vou te deixar cair, cariño.
Por que ele me chamou
assim? Não estamos mais na frente da minha família.
Jacob
ligou a moto, e o motor rugiu em meus ouvidos me fazendo agarrar-me ainda mais
a ele. Seu peito subiu e desceu numa risada muda. Quase o belisquei, mas
preferi manter as mãos firmes, e não correr o risco de cair.
Saímos
de casa a toda velocidade. Meus olhos mal viam as casas e os prédios que
passavam por nós, tamanha rapidez.
Muito
depois, percebi que viajar daquele modo não era tão ruim quanto eu esperava, e
só então consegui apreciar melhor. Sentir a velocidade era ótimo, e o vento
batendo em meus braços me dava a sensação de que eu poderia voar a qualquer
momento. Óbvio que eu não tentaria, entretanto, imaginar não me custava nada.
O
galpão era muito maior de perto, e por causa da localidade, tinha um movimento
constante à sua porta. Jacob parou a moto e nós descemos. Enquanto ele
procurava a chave, eu dei uma olhada na fachada da construção.
—
Até que não é tão ruim aqui, hein?! — Brinquei com ele, recebendo um pequeno
sorriso de volta.
—
Dei minha vida para ter isso aqui. Tem que ser, pelos menos, não tão ruim.
—
Conheço uma arquiteta que deixaria isso maravilhoso.
Ele
abriu a porta e entrou para acender as luzes. Se eu achara que era maior de
perto só olhando pelo lado de fora, por dentro era enorme. As paredes eram
formadas por aqueles pequenos tijolos, assim como a casa dos meus avós, dando
um ar rústico e ao mesmo tempo requintado ao lugar. O chão era de tacos, e
deveria ser uma das primeiras coisas a serem trocadas.
—
E quem seria essa arquiteta? — Jacob voltou para meu lado.
—
Morgana Stacey. Minha prima.
—
Ela estava no café da manhã hoje?
—
Sim. Era aquela de cabelos louros platinados e olhos verdes.
—
Bonita — comentou como se falasse do tempo.
Fechei
os olhos em fendas e olhei para ele.
—
Não fique com ciúmes, cariño, sou
todinho seu — riu e me abraçou de lado.
—
Posso chamá-la para vir aqui?
—
Pode, sim. Quanto mais rápido, melhor.
Peguei
o celular e tive uma breve conversa com Morgana. Ela só estaria livre após o
almoço, então nós resolvemos sair e voltar mais tarde para encontrá-la.
—
Aonde vamos, agora?
—
Almoçar.
—
Hum... Vai cozinhar para mim?
—
Não. Você parece uma morta de fome, Jullie!
—
Nossa... magoei. Só queria saber, porque...
—
Vamos almoçar na casa dos meus pais.
—
Ah! Seus pais? — Falei a última palavra gritando!
—
Sim, por que o espanto?
Trancou
o galpão e seguimos para a moto.
—
São seus pais, Jacob! Como vai me apresentar para eles? Pai, mãe, essa é a
Julliet Stacey, estou fingindo ser namorado dela, para que ela não seja
humilhada pela prima.
—
Vou te apresentar como a garota que eu conheci usando um babydoll cor de rosa,
e um robe da mesma cor. A garota que aceitou tomar um café comigo, sem ao menos
me conhecer. A garota que come pizza e bebe vinho ao invés de fazer uma
refeição normal, como qualquer pessoa. A garota que faz uma careta linda quando
está em dúvida, ou quando é contrariada. A mulher que aceitou me ajudar com meu
restaurante, e não está fazendo isso só por causa de um estúpido acordo. A
mulher que tem o melhor cheiro que eu já senti na vida, e que tem um corpo
lindo, mesmo que os outros digam o contrário.
Abaixei
os olhos para o chão, encabulada pelo que ele acabara de dizer.
—
Não precisa ficar receosa em encontrar meus pais, cariño. Eles vão te adorar, e nem vão questionar qual a nossa
relação.
Abracei-o
com vontade, e apertei o rosto em seu peito. A felicidade só aumentou quando
ele retribuiu o abraço.
—
Obrigada, Jake.
—
Do que me chamou?
—
Jake — eu o olhei receosa. — Você não gosta? Se não gostar, eu...
—
Está tudo bem, não tem problema em me chamar de Jake. Na verdade, só minha mãe
me chama assim, e agora você — sorri contente. — Vamos, está ficando tarde, e
logo teremos que voltar.
A
casa dos pais do Jake não era tão grande quanto a casa dos meus avós. Era muito
menor, mas tinha a mesma cara de lar que a segunda. Era pintada em um vermelho
fosco e as janelas de branco, com aqueles canteirinhos cheios de flores, bem
embaixo. A porta da frente era grande e robusta, feita, provavelmente de
madeira de lei. O jardim era muito bem cuidado. Eu me sentia como se tivesse
acabado de entrar em um daqueles livros com a mocinha sonhadora, e o cara
sedutor, e que a qualquer momento ela apareceria correndo em seu vestido
florido e esvoaçante, pronta para receber seu amado.
O
quadro que eu pintei não ficou muito diferente da realidade quando uma mulher
beirando os cinquenta anos apareceu, usando o bendito vestido de flores, e seu
rosto iluminou-se ao ver o homem segurando fortemente a minha mão.
—
Jacob!
Mal
percebi quando ela correu para ele, que a levantou facilmente em seus braços
numa demonstração clara de amor.
—
Nunca mais fique tão longe de casa, menino! — O sotaque dela era muito mais
carregado que o do Jacob. — Não sabe como fiquei preocupada com você. Sempre
trabalhando tentando montar aquele bendito restaurante. Eu sei que é seu sonho,
filho, mas...
—
Saúde vem em primeiro lugar — falou num tom zombeteiro, mas sua expressão
estava bem séria. — Eu sei, mãe.
—
Acho bom mesmo, Jacob, senão, você volta para casa, e eu mesma me encarrego dos
seus horários, igual a quando você era mais novo.
—
Tudo bem, dona Sarah, vou me cuidar melhor, okay?
—
Ótimo! — Ela olhou para o lado, parecendo finalmente me enxergar ali. — E quem
é essa moça adorável? — Ela me mediu de cima a baixo e, só quando pareceu ter
aprovado, me abraçou.
—
Esta é Julliet Stacey, mãe. Julliet, esta senhora exagerada é minha mãe, Sarah
Black.
—
Prazer em conhecê-la, senhora.
—
Oh, o prazer é meu, filha! Deve ser uma moça e tanto, para meu filho trazê-la
aqui. — Ruborizei com a revelação.
—
Não...
—
Não precisa ter vergonha, querida! Jake nunca trouxe mulher alguma para cá,
teve uma época que achamos que ele era gay, sabe? Toda aquela vontade de
aprender a cozinhar, e nenhuma namoradinha!
—
Não somos namorados — apressei-me em corrigi-la.
Ela
olhou para Jacob, que nos seguia para dentro da casa, e depois para mim.
—
Oh, certo. Não são namorados, desculpe-me — sorriu e depois sussurrou: — Esses
jovens de hoje...
A
parte de dentro era igualmente aconchegante, com enfeites e móveis em cores
vibrantes e uma elegância sem igual. Apostava que fora ela quem deu os
sousplats que Jacob usou em nosso jantar.
—
Billy! — Gritou para nenhum lugar em especial. — Venha já aqui, homem! Seu
filho acabou de chegar com uma — virou-se para mim — amiga!
Logo
um homem pouco menor que Jacob apareceu na porta. Os cabelos eram curtos, e a
pele era tão escura quanto a do filho. Na verdade, eu estava vendo o Jacob mais
velho, só esperava que quando tivesse mais idade, Jake não tivesse aquela
barriguinha saliente.
Eles
se abraçaram rapidamente, dando aqueles tapinhas típicos de macho nas costas um
do outro.
—
Pai, essa é Julliet Stacey.
—
Stacey?! Igual aos Bancos Stacey? — Assenti sem graça. — Filho...
—
Que foi, pai? Não fiz nada errado! — Ele levantou a sobrancelha, igualzinho ao
Jacob.
—
Tudo bem. — Abraçou-me com força, me levantando do chão. — Sou Billy Black.
Seja bem-vinda, minha jovem.
—
Obrigada — sorri sem graça.
—
Sentem-se — Sarah falou — eu vou terminar o almoço.
—
Precisa de ajuda, mãe?
—
Não, filho. Fique aqui com seu pai e Julliet, logo sua irmã chega aí com o
Paul.
—
Com o Paul? — Fez uma cara de indignação.
—
É Jacob, e pare de fazer essa cara. Paul é um rapaz direito, e faz bem para
Rachel.
—
Fazer o quê, não é, mãe?
—
Jake sempre foi muito ciumento, — falou para mim — quando era criança, ele
tinha uma manta. Chamava-a de manzim,
era uma graça. Quando tentávamos tirá-la dele, ele chorava que chegava a
soluçar, depois que ficou maiorzinho e andava para lá e para cá, falando pelos
cotovelos, nós escondíamos a manta de propósito, só para vê-lo procurar por ela
na casa toda, e depois que não achava, sentava-se aqui na sala, emburrado, e
não falava conosco até lhe devolvermos a manta — comecei a rir, mas segurei
quando o vi olhando para mim com cara de quem não estava gostando nada, nada da
conversa.
—
Meu bem, sabe que Jacob não gosta que contemos suas histórias de criança. —
Billy sorriu na cara do filho.
—
Esse menino anda é muito mal-humorado — e dizendo isso, entrou na cozinha.
Billy balançou a cabeça, sorrindo para a mulher.
—
Jacob, eu preciso conversar com você — olhei para os dois, e notei que estava
sobrando.
—
Eu vou à cozinha — apontei para a porta. — Ver se a sua mãe precisa de algo.
Com licença.
Jake
nem retrucou, dizendo que eu não sabia cozinhar, ou algo do tipo, só concordou
e saiu para a varanda com seu pai, enquanto eu seguia pela porta por onde sua
mãe tinha entrado.
—
Dona Sarah?!
—
Oh, venha aqui, querida! — apareceu por entre uma fresta, de onde eu imaginava
ser a dispensa.
A
cozinha era mais parecida com a de Jake. Os aparelhos modernos e em inox, porém
as cores vivas ainda eram presentes, ali.
—
Deixe-me adivinhar: Billy resolveu conversar com Jacob, não é?
—
Foi isso mesmo — segui o cheiro delicioso de especiarias.
—
Estou fazendo nhoque, querida, quer me ajudar? — Eu a olhei com medo.
—
Desculpe-me, dona Sarah, mas eu não consigo colocar uma água para ferver sem me
queimar! Minha avó desistiu de tentar me ensinar a fazer algo na cozinha —
sorri com vergonha.
—
Não tem problema, Julliet. Cá entre nós, Jake pode cozinhar muito bem para os
dois. — Dona Sarah tinha uma incrível capacidade de me fazer corar. — Você pode
ajudar a colocar a mesa.
Concordei
e, seguindo as instruções dela, arrumei a mesa para o almoço com louvor. Seis
pratos, a mesma quantidade de copos e sousplats lindos, eu havia me apaixonado
por eles.
—
Foi a senhora que deu os sousplats para o Jake?
—
Os do apartamento dele?
—
Isso. — Assenti.
—
Foi sim. Eu os faço.
—
São lindos, delicados, e simplesmente incríveis. Poderia fazer em grande
escala?
—
Para quê? Se não estiver sendo intrometida...
—
Claro que não! É para o restaurante do Jake.
—
Mas, ele disse que iria demorar um tempo até que começasse a reformar o galpão.
—
Na verdade nós começaremos a decidir isso hoje, mas eu acho que não há mal em
já encomendar os sousplats, tenho que confirmar com minha prima Morgana, que
será a arquiteta responsável pelo projeto, mas acho que ela também concordará
que eles ficarão incríveis no restaurante.
—
Está mesmo ajudando o Jake?
—
Estou... — Olhei para a mesa posta, numa tentativa de desviar minha atenção.
Sarah tinha algo que me fazia querer não mentir para ela. — Mas não estaria
ajudando, se não fosse um acordo que fizemos.
—
Acordo?
—
Sim, eu...
—
Não precisa se explicar, filha. Sei que tem alguma coisa por trás desse
relacionamento de vocês, mas não está ajudando meu filho por conta de um
acordo.
—
Como sabe?
—
Na Argentina tínhamos um ditado: “El peor ciego es el que no quiere ver”.
Entende o que eu digo, filha? — Neguei. — O pior cego é aquele que não quer
ver. Precisa abrir seus olhos, antes que seja tarde demais.
—
Sarah! — A voz de trovão de Billy ecoou pela cozinha. — Já está enchendo a
cabeça da moça com caraminholas?
—
Oh! Não fale assim comigo, William Black! — Levantou a colher de pau na direção
dele.
—
Cuidado com isso, mulher! — Segurou a colher e puxou a mulher para perto de si,
a abraçando pela cintura.
—
Billy, temos visitas — Sarah falou com a voz fraquinha.
Sorri
dos dois, e fui encontrar-me com Jake. Ele estava sentado no sofá da sala,
olhando pela janela da frente.
—
Eles estão naquela bolha e se esqueceram de você? — Perguntou virando-se para
mim.
—
Isso mesmo. Como sabia?
—
Sempre fazem isso. Parece que são namorados, e não que têm quase trinta anos de
casados.
—
É bonito.
—
É, mas quanto maior o tempo de convivência, pior fica.
—
Eles são apaixonados, Jake. Deixe-os serem felizes — retruquei.
—
Deixarei.
Pegou-me
pela mão, e me levou para um corredor que eu não havia notado ali. O corredor
era o acesso para quatro portas. Jake abriu a da esquerda, com um desenho de um
garoto com o dedo do meio levantado, e com uma frase escrita com letras grandes
e garrafais: “Nem pense em entrar se não for minha mãe, ou não tiver um quinto
membro entre as pernas”.
—
Que acolhedor!
—
Eu era só um adolescente!
—
Meio revoltado, e nem um pouco equilibrado. Não me admira que seus pais
achassem que você fosse gay.
—
Por quê?
—
Qual adolescente com hormônios em fúria, nunca quis levar uma garota para seu quarto
e fazer cosas malas com ela?
—
Cosas Malas? — Gargalhou. — Essa é
única coisa em espanhol que sabe? — Dei de ombros.
—
Sei o básico para não me dar mal em algum país que tenha espanhol como língua
oficial.
—
Menos mal.
Parei
para observar o antigo quarto dele. Cama simples de solteiro, uma colcha preta
cuidadosamente estendida. Luminária simples. Era um contraste e tanto com o
resto da casa, colorido contra preto e branco. Uma escrivaninha de madeira
escura sob a janela, mural de fotos com imagens dele em várias idades, e um
mapa mundi enorme, grudado bem ao lado. Aproximei-me e corri os dedos por cada
lugar marcado no mapa. Brasil, Chile, México, Itália, Portugal, França,
Inglaterra, Índia, Egito, África do Sul, Rússia, China e Japão.
—
São os lugares onde eu queria ir quando era mais novo — seguiu os dedos pelo
mesmo caminho que os meus fizeram, até chocar-se com minha mão. Retirei-a
rapidamente.
—
Foi em algum?
—
Só Brasil, Chile e México.
—
Até hoje só viajei pelo país e para a Itália.
—
O que foi fazer na Itália?
—
Mestrado. Ganhei uma bolsa.
—
Tem vinte e cinco anos, e já é mestre? — fiz uma careta.
—
Não é grande coisa. É só algo que uma pessoa sem vida social faria.
—
E por que não tem vida social?
—
Porque... — suspirei. — Não sei. Festas me lembram da Lana e...
—
Qual o seu problema com sua prima?
—
Nós sempre tivemos pensamentos divergentes, mas o marco foi quando tínhamos
treze anos, e ela resolveu dar uma festinha, daquelas com refrigerante,
salgadinhos e várias pessoas que eu não conhecia. Mas eu estava ali porque
minha avó a tinha obrigado a me chamar. Estudávamos em uma escola pública,
porque meus avós diziam que dinheiro não nos diferenciava de nenhuma das outras
pessoas, então seu grupo de seguidores era enorme e, naquele dia, não havia só
pessoas do grupo dela, na festa. — Sentei-me na cama, e ele ao meu lado. — Num
dado momento da noite, Lana resolveu brincar de sete minutos no paraíso, e me
chamou para completar a roda, que tinha que ser par. Eu estava com medo, nunca
havia beijado ninguém e eu saí com um garoto que teria que fazer comigo
exatamente o que eu temia. Nós entramos no armário, e eu não sabia o que fazer,
e ele também não, mas tentamos. Foi um desastre. Tentamos nos aproximar, mas o
garoto bateu a mão na minha boca, meus lábios sempre foram muito finos, então,
com o impacto, incharam e ficaram mais vermelhos que nunca. Mesmo assim
prosseguimos com a brincadeira, e o beijo foi babado e nojento. Quando saímos,
Lana estava escorada na porta, nos espionando, e assim que viu meu rosto
gritou: “Boca de Sapo”. O apelido pegou, eu me senti humilhada e quase deixei
de ir à escola por isso. Fim.
—
Em qual escola você estudou?
—
Eu te falo tudo isso, e você me pergunta em qual escola eu estudei? — Sorriu de
lado. — Emmerson Middle School — uma sombra passou por seus olhos, e eu me
perguntei se ela fora real. — Por quê?
—
Curiosidade. Mas você não deveria ter ligado tanto para isso.
—
É, mas quando se é uma adolescente com pouca ou quase nenhuma autoestima, você
passa a se afetar com o que os outros falam.
—
Isso passou, Jullie. Não foi culpa sua nem do garoto.
—
Eu sei. Foi a partir desse dia que eu comecei a brigar mais com Lana. Nossas
brigas passaram de bate boca para agressões físicas. Nunca passei tanto tempo
de castigo, o que era péssimo, e não me ajudava em nada a tirar a lembrança
ruim do primeiro beijo.
—
Foi tão ruim assim? — Perguntou rindo.
—
Poderia ter sido pior, mas o garoto tinha um cheiro... — sorri com a lembrança.
—
Melhor que o meu? — Sorri.
—
Na verdade, é exatamente igual — olhei para ele com dúvida. — Estranho, não?
—
É... Estranho.
—
Jake! Julliet! — Dona Sarah gritou. — Rachel acabou de chegar com Paul, venham
almoçar!
Levantamos
e fomos para a cozinha, sem dizer uma palavra. Eu ainda estava cismada com essa
coisa de cheiros, e Jake estava mais silencioso do que nunca.
A
garota da lanchonete estava lá, e a cara dela não era uma das melhores, assim
como no dia em que nos vimos pela primeira vez. Já o Paul, tinha um sorrisinho
zombeteiro no rosto, e olhava de mim para Jake.
—
Até que enfim levou uma garota para aquele quarto, cara! Já estava preocupado
com você. — Jake se limitou a fechar a cara, exatamente como a irmã.
—
Paul, pare de importunar Jacob! — Sarah tratou de defender o filho. — E seja
educado, temos visita, hoje! Essa é Julliet e, Julliet, estes são Rachel, minha
filha mal educada, e Paul, o namorado piadista.
Paul
abraçou-me e beijou meu rosto, demonstrando sua imensa alegria em saber que o
amigo não era gay, mesmo comigo dizendo que Jake e eu éramos só amigos. Rachel
me deu um aperto de mão, e correu para sentar-se à mesa.
Apesar
do clima tenso por parte da irmã, o almoço foi agradável e eu me senti
acolhida, como nunca estive em qualquer outro lugar. Decidimos ir quando
Morgana me ligou avisando que estava saindo do trabalho, e seguindo para o
“restaurante” do Jake.
—
Volte mais vezes, filha.
—
Voltarei, dona Sarah, é só o Jake me trazer — ela me olhou estranhamente, igual
à primeira vez que me ouviu chamando Jacob pelo apelido.
—
Esse filho ingrato nem vem me visitar. Venha sozinha, e eu te darei umas dicas
de...
—
Sinta-se à vontade para nos visitar, Julliet. — Billy interrompeu a esposa, que
iria dizer algo constrangedor.
Despedi-me
dos outros, e depois de algumas recomendações de dona Sarah para Jake, seguimos
nosso caminho. Chegamos e o carro de Morgana já estava estacionado, e ela nos
esperava ao lado do portão.
—
Oi, Morgana! — Cumprimentei-a logo depois de descer da moto.
—
Não sabia que agora você andava de moto — me olhou incrédula.
—
É bom, além disso, Jake não me deu outra opção.
—
Ah! Tinha que ter dedo do “Jake” nisso — sorriu enquanto balançava a cabeça em
negativa.
—
Morgana — ele chegou perto de onde estávamos.
—
Olá, Jacob. Julliet me falou pouca coisa sobre o restaurante, já que ela não é
a dona. Poderia me mostrar e ir falando mais ou menos o que você quer? Cores,
estilos, tudo isso ajuda a deixar mais a sua cara.
—
Tudo bem.
Passamos
a tarde lá dentro, com Jacob falando mais do que nós duas juntas, e Morgana
fazendo anotações de tudo o que podia. Eu dava meus palpites, quando
necessário. Rapidamente a tarde passou, e logo eu estava parada na porta de
casa.
—
Obrigada pelo dia. Nos vemos amanhã? — Saltei da moto. — Já estou pegando o
jeito com essa coisa.
—
Coisa, Jullie?!
—
Moto. — Rolei os olhos.
—
Melhorou... e sim, nos vemos amanhã.
Levantou
da moto e deu a volta, para ficar mais perto.
—
Até amanhã, então.
—
Até — me abraçou, e encostou a boca no meu ouvido. — Fala para sua prima que
você não tem nada parecido com uma boca de sapo. E que seu beijo é muito, muito
bom.
E
como para confirmar o que acabara de dizer, me deu um beijo de tirar o fôlego.
Eu tinha a sensação de que beijar Jake seria sempre como a primeira vez.
Coração batendo rápido de ansiedade, palmas das mãos suadas, o resto do mundo
desaparecido, e aquela vontade enorme de levantar o pé, como as mocinhas dos
filmes de romance. Talvez fingir que eu namorava Jacob Black não fosse tão ruim,
assim.
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