29 de março de 2014

Capítulo 5 (NA)

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O homem à sua frente era diferente em todos os aspectos, principalmente nos olhos, que pareciam brilhar em sua direção com algo desconhecido. A expressão, ao contrário dos olhos, beirava o desespero. Como se tudo estivesse perdido e todas as suas crenças houvessem caído por terra.
A conexão que estava mantendo com as aves empoleiradas nas centenas de galhos da clareira foi deixada de lado e a atenção focou-se exclusivamente nele. O homem mais intrigante que já estivera diante de sua vista.
Ela conseguia sentir a inquietação saindo em ondas do peito dele, e vindo direto para o seu corpo. Era angustiante. O coração sentia-se compelido a arrancar toda a inquietação, todo o desespero. Era errado o homem sentir isso. Como ela sabia? Algo simplesmente soprava em seu ouvido.
Vinte anos não haviam a preparado para aquilo.
Nada que estudara, lera, ou vislumbra havia sido suficiente para deixa-la pronta para aquele momento. Toda a sua vida fora moldada ali. Em poucos segundos, todos os planos pareceram mudar. Tudo por um homem que ela nunca vira.
E ela tinha que se aproximar. Tinha que vê-lo de perto, só para saber se aqueles lábios eram de verdade, ou se aqueles braços eram realmente tão acolhedores quanto pareciam.

— Hei... – Engolindo em seco, arriscou-se a dar um passo na direção dele, quebrando, definitivamente, o vínculo tanto com as aves, quanto com o homem.

Os pássaros alçaram voo de uma só vez, balançando as árvores e causando uma chuva de folhas amarelo-esverdeadas. Com o barulho nada melodioso, eles fizeram o que ela tentara. Despertaram o homem de seu transe anormal.
Parecendo confuso, ele balançou a cabeça e passou as mãos violentamente sobre o rosto, como se pretendesse arrancar a pele da face.
Quando a olhou novamente, não havia nenhum resquício da confusão ou do brilho no olhar. O rosto estava escurecido, não por causa da luz, mas por algo bem parecido com ira. Tardiamente, percebeu que a raiva era direcionada à única pessoa, além dele, presente na clareira. Ela.


Jacob acordou da visão do imprinting sentindo nada mais que descontentamento pela magia que supostamente deveria salvá-lo. Perguntaram se ele queria? Não. Apenas mandaram uma garota que andava sozinha pela mata, como Isabella fazia.
E daí que ele estava se sentindo só? E daí que ele precisava começar a viver sua própria vida? Era problema seu. Mas a escolha... A escolha não fora sua. Tiraram-lhe a única coisa que acreditava finalmente ter controle. Seu coração.
Os músculos começaram a tremer. Mas Jacob os controlou. Se não conseguisse também, seria de morte. Quatro anos naquela vida e nem se controlar podia?
Olhou novamente para ela. O coração parecia saltar, tanto pelo esforço para conter a transformação, quanto pela proximidade. Seu lobo, o alpha em seu interior, queria mais que aquela simples visão. Ele ansiava pela possibilidade de correr o nariz pelo vão de seu pescoço e sentir o cheiro dela. Marcá-la como sua.
Sentiu um rosnado brotar do peito. Dominou-o.
Precisava encontrar uma maneira de sair dali, mas o corpo queria outra coisa. Seus pés moveram-se sozinhos em direção à garota e outro rosnado formou-se. Numa tentativa de para com aquilo, simplesmente cuspiu as palavras:

— Quem é você?

Ela não respondeu.
Mas aquilo era óbvio. Que pessoa responderia a uma pergunta como aquela, feita por um desconhecido que não mostrou sequer o mínimo de educação?
O nervosismo duplicou quando travou o maxilar e cerrou os pulsos ao lado do corpo. Tentou novamente, dessa vez, um pouco mais calmamente.

— Quem é você?

Ágata marrom escuro. Era a cor dos olhos dela. Jacob percebeu isso depois de vê-la assustar-se por causa de seu temperamento. O problema ali era ele, não ela.

— O seu nome, - respirou fundo – por favor.
— Kahli.

Kahli...
Estava diante da garota que vinha procurando durante grande parte do dia. Ótimo. Tinha como objeto de imprinting a filha da mulher que, visivelmente, o odiava. Não que fizesse alguma diferença. Seu único papel, ali, seria leva-la em segurança para a cidade, descobrir e punir os responsáveis pelos ataques e voltar para La Push. No voo mais rápido que encontrasse e, de preferência, sem escalas.

— Estão te procurando.
— Como? – Colocou o dedo indicador em uma das mechas soltas do cabelo e começou a enrolá-la. Gesto que denunciava um tique.
— Sua mãe e o resto da cidade estão te procurando. Pelo que vi, acreditam que tenha sido sequestrada. Mas vejo que só resolveu dar uma volta pela floresta, confirmando não ter o menor senso de perigo.
— Eu... – Kahli começou a contestar, mas parou no início da frase. – Não o conheço e apesar... – Para Jacob, pareceu que diria uma coisa, porém repensou e continuou com outra. - Apesar de parecer estar me procurando não devo satisfações a um homem seminu e mal educado. – A expressão fechou-se e a testa franziu-se numa ruga que o alpha achou adorável, mas que não admitiria nem sob tortura.
— Vai voltar comigo, caso queira ou não. Dei minha palavra de que a levaria para casa e eu sempre cumpro com minhas palavras, Kahli. – O nome pareceu dançar em sua língua e a garota arrepiou-se com o som. Jacob ficou tentado a repeti-lo incansavelmente, só para ter o prazer de saber que ele era o causador daquela reação.

Rolou os olhos para aquilo. Nem cinco minutos como um lobo com imprinting e já começava a agir como um completo retardado mental.

— Merda de imprinting! – Sussurrou enquanto quase arrancava os cabelos curtos.
— O que disse?
— Nada. Temos que voltar – deu as costas para Kahli, contando que ela o seguiria, mas não foi o que aconteceu.
— Não vou com você! Não o conheço.
— Ah! – Virou-se para ficar de frente para ela. – Então esse é o problema?! – Um sorriso sarcástico apareceu inconscientemente. – Jacob Black, muito prazer. Agora vamos. – Andou até ela e puxou-a pelo braço, obrigando-a a segui-lo.
— Black?! Black de Billy Black?

Jacob parou no lugar em que estava e Kahli, que vinha logo atrás, sendo arrastada, bateu em suas costas.

— Como sabe o nome do meu pai?
— Droga! – Agora, de quem não queria saber nada sobre a moça, o lobo passou a curioso... Até demais.
— Como sabe o nome do meu pai?
— Esse assunto não lhe diz respeito. Temos que voltar antes que minha mãe arrume mais uma desculpa para odiá-lo.

Dessa vez, foi Kahli quem liderou o caminho e seu acompanhante apenas traduziu em ações o significado dessa palavra. Acompanhou.


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