— Eu não acredito que vocês fizeram tudo
aquilo — Sofia me olhava admirada.
— E eu não sabia que você dançava tango,
priminha.
— Eu não danço, Lana, mas quando se tem o
parceiro ideal, você faz coisas inimagináveis — sorri triunfante.
— Quem diria, não?! A garota estranha e que
nenhum cara queria, conseguiu um homem desses. Não é esquisito, Joyce? — A
mulher só abaixou a cabeça.
—
O que quer dizer com isso?
—
Nada, Julliet. Mas é muito estranho.
Decidi ignorar Lana e continuar arrumando
as lembrancinhas do chá de cozinha.
A pequena demonstração de Jake no ensaio de
dança causou uma ótima impressão nas meninas, e outra péssima em Lana. Ela
estava determinada a encontrar algo errado em meu namoro, e eu contava com a
sorte para que minha prima não descobrisse que meu relacionamento não passava
de puro e simples fingimento.
Felizmente, ou não, o chá de cozinha seria
em poucas horas, o que significava que logo todo esse tormento acabaria, e eu
me veria livre de Lana por um bom tempo. O restaurante de Jake estava quase
pronto. A equipe que trabalhava com Morgana era enorme, e fazia o serviço em
pouco tempo e com o máximo de qualidade. Se tudo estava lindo sem o acabamento,
imagine quando este fosse concluído!
—
Vai ficar para o chá? — Perguntei para minha mãe enquanto ela me ajudava a
escolher o vestido para a tal festa.
—
Não. Isso é coisa de jovens, seu pai e eu vamos aproveitar a noite livre pra...
Você sabe!
—
Sei, sim. Não precisa entrar em detalhes, prefiro imaginar vocês puros. — Ela gargalhou.
—
Pare com isso, filha! Até parece que você e o Jacob nunca fizeram nada.
Eu
tinha minhas suspeitas de que minha mãe e a mãe do Jake se conheceram, e
encontraram um jeito de me fazer corar como nunca.
—
Ah, não! Eu conheço essa cara. Vocês nunca ficaram?! Digo, nunca transaram?
—
Mãe!
—
O quê? Por essa resposta tenho que presumir que vocês nunca... — confirmei sua
suposição. — Ma,s filha, com um homem daqueles, eu não resistiria por muito
tempo. Veja, eu quase não consegui esperar pelo casamento para estar com seu
pai, que não é muito bonito, — sorriu — não conte para ele, imagine você
aguentar todo esse tempo sem o seu Jacob?! Se eu fosse você, abria logo o
parque de diversões antes que ele parta para outra.
—
Assim como o Caius? — Perguntei me lembrando do último namorado, o que eu,
graças a Deus, não levara para a família conhecer, mas que mesmo assim conheceu
parte dela, quando decidiu me trair com Lana.
—
Ele era um idiota! E sua prima não sabia que ele namorava você.
—
Claro, claro.
—
Oh! Não está com medo que sua prima fique com ele, não é?!
—
Não, mãe. Depois de ter cinco namoros frustrados pela santa da Lana, e um
namorado que fugiu com medo da minha família, eu não tenho medo de mais nada.
—
É mentira.
—
Como?
—
É mentira. Eu te conheço muito bem, Julliet Stacey. Sou sua mãe, e se estou
dizendo que está com medo, é porque está.
—
Não é medo, é só que eu não gosto de mudanças. É bom saber que quando eu
voltar, terei um ótimo emprego me esperando, um excelente apartamento, um carro
bom e...
—
Você tem medo de se envolver e acabar machucada.
—
Não, eu...
—
Continue se enganando, então. Hoje estava passando por uma livraria e bati os
olhos em uma frase que serve direitinho em você. Quer saber qual é? — Neguei,
mas ela nem se preocupou com a minha opinião. — O pior cego é aquele que não
quer ver.
—
Ah não, mãe!
—
Não vou falar mais nada, filha. Use o vestido preto, de renda.
E
dizendo isso, saiu do quarto. Eu não estava com medo, estava? Era só... Eu
queria continuar amiga do Jake. Eu queria tê-lo na minha vida mesmo depois do
fim desse acordo. E se me envolvesse emocionalmente com ele, provavelmente
botaria tudo a perder.
Parei
de queimar os neurônios, e me preocupei em me arrumar para a festa. O vestido
vinha até a metade da minha coxa, era preto e coberto por uma renda fina. As
mangas eram adornadas só pela renda, e cobriam até o meu cotovelo. O sapato
possuía a mesma cor do vestido, no modelo peep toe. Meus cabelos estavam lisos
e batendo até a base das minhas costas. A maquiagem forte marcando bem meus
olhos, era o toque que faltava para fechar o look.
O
jardim estava impecavelmente arrumado. A decoração, nas cores escolhidas por
Lana, era linda, e havia fotos dos noivos espalhadas por todo o ambiente. Os
garçons andavam de lá para cá servindo os poucos convidados que já haviam
chegado. Logo avistei Lana e Dimitri sorrindo abertamente para quem quisesse
ver.
—
Boa noite, Dimitri — falei me aproximando dos dois.
—
Boa noite, Julliet. Não vi seu namorado por aqui.
—
Ele teve que ficar até mais tarde resolvendo alguns assuntos burocráticos do
restaurante, mas logo logo ele chega.
—
Restaurante, não? — Lana manifestou-se. – Cozinha, dança, é bonito. Não sei o
que ele viu em você, Julliet!
—
Por favor, Lana, vamos tentar manter a civilidade pelo menos por hoje. Não
estou com cabeça e nem vontade de discutir com você.
—
Já que pediu com tanta educação — sorriu falsamente e foi arrastada pelo noivo,
que me enviou um olhar azulado de desculpas.
Andei
mais um pouco, cumprimentando as pessoas, até ouvir o ronco conhecido da moto
de Jake. Meu coração traidor quase rodopiou em meu peito. Rapidamente ele
apareceu em meu campo de visão, trajando uma camisa social aberta nos primeiros
botões, calça de alfaiataria e sapatos sociais. Eu apostava um braço que ele
ficaria lindo vestido até com roupas rasgadas.
—
Boa noite, cariño — falou antes de me
dar um selinho longo, e com gosto de quero mais.
—
Olá, Jake. Por que demorou? — Mandei-lhe um olhar inquisidor.
—
Porque fui comprar algo para você.
—
Para mim? Mas o q... Por q...
—
Relaxe, cariño. Você é muito
nervosa... Preocupa-se com poucas coisas.
Foi
só então que eu notei a caixa preta de veludo em sua mão.
—
Não fez o que eu estou pensando, fez? — O sorriso em seu rosto me fez tremer.
—
Abra e depois me diga que não gostou, só depois pode reclamar.
Entregou-me
a caixa, e ela pousou em minha mão com delicadeza. Eu a abri com medo, mas o
que eu encontrei ali me encantou de tal forma, que foi impossível não sorrir.
Havia um pingente em forma de flor, todo cravejado em diamantes. Quatro pétalas
e, sob elas, mais quatro, no sentido contrário. Era lindo e delicado. Porém, o
que fez meu pobre coração parar por alguns segundos, foi o pingente ao lado da
flor. Era um círculo simples de titânio, mas no centro tinha gravado, em letras
delicadas, Cariño.
Senti
meus olhos molhados, e os elevei para encontrar os dele.
—
É lindo.
—
Vai querer devolver?
—
Não, mas...
—
Foi um presente, cariño, e eu não
aceito devoluções — assenti, sem conseguir dizer algo aceitável.
Virei-me
de costas para que ele pudesse colocar o colar em mim, e dei graças por ter
escutado minha mãe, e colocado o vestido preto sem muitos detalhes. Assim a
joia em meu pescoço chamaria muito mais atenção.
Abracei-o
com vontade, sem me preocupar com quem estava vendo, com meus medos ou em como
aquilo estava fadado ao fracasso.
—
Eu amei. Obrigada.
—
Tudo para te ver feliz, cariño.
Andamos
um pouco pelo lugar. Bebemos algumas taças de champanhe, e fizemos sala. As
outras damas de Lana babaram ainda mais em Jake, e eu fiquei cada vez mais
mordida com isso. As mãos dele não me soltaram nem por um segundo, e eu me
sentia prestes a flutuar.
—
Gente! — Lana gritou já um pouco alta por conta da bebida. — É hora dos
joguinhos!
Entramos
debaixo de uma tenda, que possuía um armário enorme pintado de branco, e várias
almofadas coloridas dispostas de forma circular.
Lana
e Dimitri foram os primeiros a se sentarem, sendo seguidos pelos convidados.
Minha prima, depois de verificar que todos estavam lá, pegou uma caixinha de
madeira cuidadosamente pintada, e balançou anunciando que ali estavam papéis
com os nomes das brincadeiras, das quais nós participaríamos durante a noite.
Ao final de cada jogo, outro deveria ser sorteado.
Parecendo
brincar com minha sorte, ela “sorteou” Sete Minutos no Paraíso. Os casais
tiravam seus desafios de dentro de outra caixinha, e então iam ao armário para
realizá-los, era uma regra voltar com algo que provasse que o desafio fora
completado, senão tinham que pagar como prenda cem dólares de doação
espontânea. Era um verdadeiro roubo, mas quem era eu para discordar?!
Seguindo
a ordem, minha vez de tirar o meu desafio chegou. Minhas mãos tremiam, e eu
estava tão nervosa que comecei a suar. Talvez fosse o trauma da última vez que
eu brincara disso.
—
Beijo de língua — li em voz alta o que estava escrito no pedaço de papel
colorido.
—
Vá, Julliet. Vamos ver se a Boca de Sapo aprendeu como se faz — Lana riu
maldosamente, sendo acompanhada por aqueles que estavam presentes naquela noite
fatídica.
Jake
apertou minha mão, e nos levou para o tal armário. Meu pior pesadelo. A porta
foi fechada e, contrariando minha primeira impressão, o lugar parecia apertado e
claustrofóbico.
—
Fique calma, cariño.
—
Não dá. É horrível estar aqui e...
Parei
de falar assim que senti os lábios dele chocando-se com os meus. Não foi como
nos meus treze anos. O nervosismo não existia. A ansiedade estava ali, mas era
por outra razão. O cheiro de vinho e chocolate era o mesmo, acrescentando um
“quê” de masculinidade à essência.
Os
dedos de Jacob infiltraram-se em meus fios numa carícia gostosa. Sua boca
movia-se contra a minha com destreza, e sua língua acariciava a minha como se
estivesse provando o mais doce néctar que já experimentara em toda a sua vida.
—
Tempo esgotado — Lana bateu na porta, nos assustando.
Abrimos
a porta, e o peso do olhar dos outros sobre mim ficou mais forte do que quando
entramos no armário. Virei-me para ver meu reflexo no espelho ali perto, e só
então entendi o porquê daquele espanto da parte dos convidados. Meu rosto
estava extremamente corado, meus olhos carregavam um brilho intenso, e meus lábios
não possuíam mais o gloss transparente de antes. Eles estavam vermelhos, não
vermelhos de inchado, mas um vermelho que combinado ao cabelo meio bagunçado,
me dava um ar sexy e selvagem. Eu estava bonita, de uma forma que nunca
estivera antes.
—
Completaram o desafio? — Minha prima chamou minha atenção com sua voz
desdenhosa.
—
Está brincando, não é Lana?! — Pâmela a questionou. — Olha a cara da Julliet!
Parece que acabou de dar o melhor amasso de toda a vida dela!
Lana
fez uma careta, e sentou-se ao lado de Dimitri, contrariada. Internamente eu
gargalhava, por fora mantinha a fachada de pessoa normal. Tudo correu muito
bem, até a próxima brincadeira ser anunciada.
—
Eu beijaria o porco.
—
E o que é isso? — Uma ruivinha com sardas espalhadas pelo rosto falou.
—
Esse porquinho — minha prima pegou um porco de pelúcia, e o colocou em seu colo
— vai passar de mão em mão, e cada um terá que falar onde o beijaria, e não
pode repetir.
—
Só isso?!
—
Só.
A
brincadeira era até muito inocente para os padrões da Lana, mas resolvi me
divertir e esquecer-me dela por alguns instantes. A base de muitas risadas e
piadas, a sequência ficou mais ou menos assim:
Eu
beijaria o porco: na orelha, no braço, no pé, na bochecha, na boca, na mão, no
pescoço, na testa, no nariz, na coxa, no peito, na barriga, nas costas, no
bumbum, e mais umas seis partes do corpo, deixando claro que o beijo no peito
foi escolhido por Jake, e o na barriga, por mim.
—
Agora que todos já escolheram onde beijariam o porco, apelidado carinhosamente
de Jesse — Lana sorriu e me olhou em desafio. — Façam isso com o seu parceiro.
Alguns
gritaram em expectativa, principalmente o que escolheu que beijaria o porco no
bumbum, outros não ficaram tão felizes, como o que disse que beijaria o pé do
porquinho Jesse.
—
Nossa vez — fiz uma careta de diversão, enquanto ficava de frente para ele.
—
Achando ruim?!
—
Nem um pouco.
Abaixei
o decote do vestido vagarosamente, sentindo o olhar dele esquentar minha pele.
—
Você primeiro.
—
Com prazer, cariño.
Sua
cabeça seguiu o mesmo caminho que seus olhos fizeram alguns segundos antes, e
sua respiração bateu um pouco acima dos meus seios. A boca deu um singelo beijo
em meu colo, e quando achei que tinha acabado, senti sua língua escorregar por
minha pele. Eu queria que ela descesse.
—
É para beijar o colo, e não fazer sexo oral! — Lana era uma verdadeira estraga
prazeres.
—
Ficou com invejinha, prima?! — Ela bufou, e eu fiquei feliz por tê-la deixado
irritada.
Tirei
a camisa de Jake de dentro da calça social, e desabotoei-a, sem me preocupar
com o que os outros pensariam. Era para beijar a barriga, não era?! Então eu
faria direito.
A
pele sob minhas mãos era quente. O peitoral firme não era lisinho, e os poucos
pelos que possuía me deixaram louca. A barriga durinha marcada pelos “gominhos”
morenos me atraiu como a luz atrai uma mariposa e, sem que eu percebesse,
deslizei a unha do indicador direito por ali, me deliciando ao ver seu corpo
retesar como resposta.
Empurrei-o
para trás, o fazendo deitar-se no chão, e subi em seu colo sentando-me sobre
suas pernas. Ouvi os caras fazerem alguns comentários maldosos e fechei a cara,
mas sorri ao ouvir que Jake era um homem sortudo.
Deixei
a cabeça na mesma altura de seu abdômen, e meu sorriso aumentou mais quando o
vi se arrepiar com a proximidade. Mordi os lábios e olhei-o por sob os cílios,
a expressão de contentamento me obrigou a continuar. Passei os lábios levemente
por cima da sua barriga, sem encostar realmente, para depois beijá-lo bem acima
do umbigo. Seu gosto encheu minha boca, e me senti tentada a querer mais,
entretanto, os gritos de contentamento dos outros me chamaram de volta para a
realidade, e eu me recompus.
Os
braços de Jacob envolveram minha cintura assim que ele se sentou, e me puxaram
para seu colo. Como nossa posição era meio estranha, ele se contentou comigo
sentada entre suas pernas. Ele estava diferente. Suas carícias estavam mais
ousadas, e seus gestos demonstravam algo que eu não queria enxergar. Eu temia
ter ultrapassado uma barreira com aquela simples brincadeira, e essa barreira
seria impossível de reerguer.
O
próximo jogo era chamado Imagem e Ação. Cada casal sorteava um filme e este,
teria que interpretar uma cena dele. Quem não fosse bem aplaudido, teria que
pagar cinquenta dólares, pelo menos essa “multa” era menor.
O
filme sorteado por mim e Jake foi “Beastly”. Era baseado em um romance de Alex
Flinn, e voltado para adolescentes, mas a história era bonita e nos fazia
perceber que todos tinham e mereciam uma segunda chance.
Colocamos
duas poltronas no centro do círculo, e sentamo-nos nelas. Na cena estaríamos na
cobertura da casa dele, esperando o sol nascer.
Num
instante eu estava na casa dos meus avós, e no outro, no apartamento de Jacob.
A vista era maravilhosa, e eu podia ver cada pontinho de luz que clareava a
cidade.
—
O que estamos fazendo aqui?
—
Esperando o amanhecer. — Sorri e encostei a cabeça em seu ombro, dobrando as
pernas e encolhendo-as junto à poltrona.
—
Parece que eu te conheço durante toda a minha vida.
As
luzes dos postes foram se apagando uma a uma, e o céu ficando mais claro, num
tom lindo de alaranjado. Ajeitei-me na poltrona e deitei a cabeça nas pernas
dele, sentindo seus dedos desembaraçarem os fios do meu cabelo. Meus olhos
fecharam-se instantaneamente, sem se darem conta de que aquilo havia
ultrapassado a cena de um filme.
—
Eu acho que... — A voz dele estava rouca, e continha uma emoção desconhecida
por mim. — Acho que amo você.
[...]
—
Não pode ficar mais?! — reclamei para Jacob, enquanto o seguia até a moto.
—
Não. Tenho que ir ao cartório amanhã e, pelo que eu entendi, você tem uma prova
de vestidos?!
—
É. Vou experimentar o vestido ridículo que Lana escolheu para as damas —
revirei os olhos.
—
Por que não vem comigo? — a simples pergunta me tirou o chão.
—
Não posso, Jake — fechei os olhos antes que eles me traíssem. — Nos vemos
depois — beijei seu rosto, e saí de lá com pressa.
Eu
não podia ir com ele. Não. Eu colocaria tudo a perder, e logo não conseguiria,
ao menos, chegar perto dele sem me sentir magoada. Não. Estávamos melhor só com
aquela farsa.
A
casa estava silenciosa. O quarto, vazio. Lana fora dormir no apartamento de
Dimitri, e meus pais não haviam voltado. Morgana também saíra com o namorado, e
o resto dos meus primos desaparecera. Meus avós foram dormir cedo, como sempre.
Eu estava sozinha. Mas não queria estar assim. Eu queria o castanho, o caramelo
e o calor. Queria chocolate, vinho e algo indecifrável que vinha do corpo dele.
Queria o corpo forte dele sobre o meu. Queria me embriagar com o suor de nossos
corpos.
Levantei
da cama num salto, e coloquei o robe de seda verde sobre a camisola da mesma
cor, que fazia parte do conjunto. Abri a gaveta do criado, e puxei o molho de
chaves que Jake me dera quando comecei a frequentar seu apartamento. Eu era de
casa, e por isso precisava de chaves, palavras dele, não minhas. Calcei
chinelos de dedo, apanhei as chaves do carro, e saí antes que mudasse de ideia
ou perdesse a coragem.
Sinais
fechados ou cruzamentos não me impediram de chegar mais rápido ao meu destino.
Multas não me importavam, e o máximo que poderia acontecer seria eu atropelar
algum animal, coisas que também não me interessavam no momento.
A
chave entrou com facilidade na fechadura do portão do prédio, e quando o
elevador parou no apartamento dele, respirei aliviada. Eu estava só há alguns
passos de distância do meu objetivo. Percorri sala, cozinha, quarto e banheiro.
Nenhum sinal dele. Sentei-me no sofá, fiquei descalça e encarei a televisão.
Pela visão periférica, notei a porta da sacada aberta, meu nervosismo era tão
grande que eu não prestara atenção nela quando cheguei.
Subi
as escadas para a cobertura. A noite era negra. Sem lua. Sem estrelas. Era
melhor dessa forma, assim não haveria testemunhas para o que eu estava prestes
a fazer.
Encontrei-o
sentado em uma das poltronas. Vestia apenas a calça social que usara para o chá
de cozinha, mais cedo. Os olhos presos no horizonte estavam bem longe dali, e a
taça de cristal, segura pela mão esquerda, continha apenas mais um gole de
vinho.
A
proximidade entre nós aumentou, fazendo com que ele desviasse o olhar para mim.
Surpresa estava estampada em seu rosto, e a vontade de recuar aumentou, porém
eu já estava ali, então, por que não fazer algo sem pensar pelo menos uma vez
na vida?
Minhas
mãos percorreram o fino tecido do robe até chegarem à fita na cintura. O laço
simples foi desfeito, e o pano escorregou delicadamente por meus braços, até
cair aos meus pés. Os olhos dele percorreram meu corpo coberto apenas pela
camisola.
Sem
esboçar qualquer reação que não fosse surpresa, Jacob me observou caminhar até
ele. Agarrei a barra da camisola, e a subi para sentar-me em seu colo. A taça
em suas mãos foi tomada pelas minhas, e eu bebi o último gole que ela
reservava, colocando-a no chão.
Corri
as mãos, agora livres, por seu abdômen cuidadosamente, gravando cada parte
dele, cada músculo, cada marca, por mais ínfima que esta fosse. Subi. Acariciei
seu pescoço, detendo os dedos na nuca, e agarrando os fios de seu cabelo
escuro. Subi. Meu polegar passeou pelos lábios cheios, e que já haviam me
elevado com simples carícias.
Não
conseguindo mais esperar, choquei sua boca contra a minha sem o menor cuidado,
e me deliciei com o sabor único que ela possuía. Finalmente eu havia feito o
que tanto almejava desde que o conhecera. Eu o beijara. Eu tomara a iniciativa,
não o contrário.
Após
dar-se conta do que estava acontecendo, Jacob decidiu tornar-se ativo. Minhas
coxas ficaram expostas à medida que ele as apertava e subia o tecido da
camisola com as grandes mãos. Jake tomou o controle da situação para si e, de
repente, era ele quem estava no comando, como na vez em que dançamos. Ele
ditava, eu só seguia. Sentia falta de homens que não deixavam tudo nas mãos das
mulheres. Em meus relacionamentos passados, eu me sentia assim, como se tivesse
que fazer tudo. Com Jake não era assim, pelo contrário, estar com ele era ter a
certeza de que ele desempenharia seu papel de homem com louvor, porém, sem
passar por cima de mim, das minhas decisões, das minhas vontades.
—
O que está fazendo?
Com
a respiração pesada e a visão meio turva, tudo que vi foram seus olhos
escurecidos por algo que, naquele momento, eu também estava sentindo: desejo.
—
Esquecendo por algumas horas minha razão.
Beijei-o
novamente, com aquela sensação de que nunca me cansaria de estar com ele, e de
que minhas lembranças nunca fariam jus àquela realidade.
—
Julliet! — Jake quebrou o beijo e me olhou com incerteza. — Tem certeza de que
quer isso?
—
Pare de fazer perguntas! Eu quero esquecer todo esse acordo pelo menos por
hoje. Quero esquecer minha prima e minhas decepções. Por algumas horas, vamos
ser apenas você e eu. Por favor. Eu... — olhei para suas mãos ainda em minhas
coxas, e cobri-as com as minhas — quero você.
Nós
nos beijamos com impaciência. Nossas línguas enroscando-se em carícias cheias
de significados que não me importavam. Os dedos dele agarraram as alças da
camisola e as abaixaram, expondo meus seios aos seus desejos. O vento bateu
neles, deixando os bicos ainda mais intumescidos.
Contrariando
meus pensamentos, Jacob segurou firmemente meu traseiro, e colocou-nos de pé. A
sensação das suas grandes mãos me apertando elevou minha libido, e eu ataquei
sua boca com agressividade. Não sei como descemos as escadas da sacada, ou como
entramos no apartamento. Quando dei por mim, estávamos na cozinha, e ele havia
acabado de derrubar tudo o que havia em cima da mesa no chão.
Fui
deitada sobre o tampo de madeira, e olhei cobiçosa para aqueles olhos
magníficos. Sua mão esquerda, que antes descansava em meu quadril, subiu para
encontrar a parte exposta do meu colo, que ansiava por contato. Bastou um
pequeno toque para me fazer delirar. A outra palma fez o mesmo caminho,
agarrando o outro seio. Suspirei. Porém, no instante seguinte, ele me soltou.
Olhei-o chateada pela parada, e encontrei um olhar de diversão. Entendi essa
diversão, assim que ouvi o barulho de tecido sendo rasgado. Minha camisola
estava, agora, inutilizável.
Jacob
abaixou a cabeça até meu corpo e beijou com veneração do meu pescoço até a
cintura, onde começava a renda da minúscula calcinha. Ergui-me com facilidade,
e encaixei seu corpo em minhas pernas abertas. Com nossas bocas coladas, puxei
o cós de sua calça, abri a braguilha, e deixei a peça descer por suas pernas. A
cueca boxer de alguma cor que, realmente não me interessava, também foi
descartada e logo ele estava nu.
Minhas
mãos passearam por seus glúteos, e apertaram ali, exatamente como Jacob fizera
em mim mais cedo. Ele riu entre o beijo. Levei minhas mãos para frente e o
senti. Firme, duro e grande. Acariciei a cabeça, e Jake deixou meus lábios para
soltar um rouco suspiro. Movimentei a mão até a base, sem poder fechá-la ao seu
redor.
Empurrei-o
para frente e me pus de pé, dando as costas para ele e mexendo rapidamente no
armário da despensa. Achei o pote que procurava e sorri, pensando no que faria
com o dito. Abri a tampa. Passei o doce no indicador. Olhei para Jake enquanto
colocava o dedo na boca e o lambia lentamente. Vi-o engolir em seco, e posso
jurar que seu membro cresceu ainda mais.
Fiz
Jacob deitar-se no chão da copa, e sentei-me estrategicamente em cima dele,
roçando nossas intimidades separadas apenas pelo fino tecido da calcinha. Ambos
arfamos com o contato. Coloquei o dedo dentro do pote novamente, entretanto,
dessa vez, passei o doce em seus lábios. Sem pressa, desci até ele, deixando
nossos rostos próximos. Minha língua saiu vagarosamente, e roubou o creme
moreno que cobria sua boca. Ao terminar de limpar aquela parte, não deixei que
ele me beijasse. Distribui o resto do doce em seu peito e abdômen, o degustando
com prazer, sentindo seus gemidos, seu cheiro, seu gosto.
Assim
que cheguei à sua cintura, soltei uma risada de ansiedade. Eu esperava por
aquilo desde o momento em que havia olhado para o pote na despensa. Enchi a mão
com o doce, e espalhei por todo o comprimento, vendo-o estremecer.
—
Jullie... — ele me chamou com a voz mais rouca que o habitual.
—
O quê? — olhei-o arteira.
—
Vai mesmo fazer isso?
—
Com certeza, Jake. Sempre quis provar o seu gosto com caramelo.
Sem
esperar alguma reação da parte dele, lambi a cabeça e dei um forte chupão que
fez um estalo. Jake elevou a cintura e segurou meus cabelos. Passei a língua em
toda a extensão, não deixando uma só gota do doce. Observei Jacob por sob os
cílios. A expressão de prazer. Os olhos cor de mel, escurecidos pela luxúria.
De repente, ele deixou de ser o meu brinquedo. O aperto em meus cabelos se
intensificou, e eu deixei-o me guiar para seu membro. Minha boca abriu-se,
abrigando o máximo que podia de sua intimidade. A calcinha que eu usava já
estava inutilizável, assim como a camisola. Ele ditou o ritmo, e eu só
conseguia pensar que caramelo nunca mais seria o mesmo depois desse dia.
—
Não quero gozar na sua boca, cariño —
Jake soltou entre lufadas.
—
Nem eu — subi meu corpo e o beijei. Caramelo, chocolate, vinho e Jake,
definitivamente, Jake. — Quero que se derrame dentro de mim.
—
Mas...
—
Faço controle de natalidade.
—
Estou limpo.
—
Eu sei.
Ele
nos virou, colando seu corpo sobre o meu. Pele contra pele. Levantou meus
braços e segurou meus punhos, prendendo-os acima da minha cabeça. Teceu beijos
por meu pescoço e colocou meus seios na boca. Lambeu, sugou e mordiscou os
mamilos duros de excitação. Quando ele chegou ao “destino final”, arrancou a
calcinha de uma vez, deixando-me ainda mais molhada. Suavemente, passou os
dedos sobre minha entrada, levando-os à boca logo em seguida. A cena era
altamente erótica, e eu só podia imaginar como seria ter a boca dele me dando
prazer.
Não
fiquei com essa dúvida por muito mais tempo. Sua boca tomou minha intimidade
com paixão. Jacob parecia estar com fome, e eu me sentia a maioral sabendo que
eu havia provocado essa fome. Jake estava faminto por mim. Ele brincava com meu
clitóris, ora pressionando com mais força, ora mais leve. Sugou-o para dentro
de sua boca, e meu corpo tremeu.
Sentia
sua língua rodear meu sexo molhado. Os barulhos de sucção que ele fazia no
processo aumentavam meu prazer. Introduziu um dedo e o dobrou, num sinal de
“vem cá”, e eu estava indo. Gritei um palavrão quando senti o primeiro tremor.
Estava muito mais consciente das partes do seu corpo que tocavam o meu. Língua.
Mãos.
Subitamente,
Jake retirou o dedo que permanecia dentro de mim, e o trocou por seu membro. O
clímax ainda refletia pelo meu corpo, e ao sentir seu pênis me preenchendo
totalmente, essa sensação se multiplicou, cortando minha respiração, causando
espasmos em meu sexo e, consequentemente, apertando o dele.
Jacob,
rapidamente, virou-me de costas para o chão, e deitou-se sobre mim,
penetrando-me novamente. Tentando prolongar os picos de prazer, apertei as
coxas e cruzei os tornozelos, aumentando o contato entre nossos corpos, e
sentindo-o estocar fundo em mim. Ele gemeu em meu ouvido.
—
Você me enlouquece, sabia?!
Não
respondi. Não tinha condições físicas para fazê-lo. Continuava sentindo altos
picos de prazer, como se estivesse tendo vários orgasmos ao mesmo tempo. Minhas
pernas estavam fracas, e eu agradecia por estar deitada, porque se estivéssemos
em outra posição, eu não aguentaria manter meu corpo ereto.
Jake
deu uma mordida, seguida de um chupão em meu pescoço, e aumentou o ritmo das
estocadas, não demorando para se derramar dentro de mim. Com os tremores de seu
membro em meu sexo, atingi o ápice, que, dessa vez, foi muito mais forte que os
outros.
Encostei
o rosto no piso, e tentei normalizar a respiração falha. Jacob tinha o corpo
forte debruçado sobre o meu, e eu não me importava com isso. Ele se levantou e
no momento em que tirou o membro semiereto do meu sexo, eu gemi com a fricção.
—
Preciso me recuperar, cariño —
jogou-se para o lado, deixando as costas no chão, e eu me arrastei para
deitar-me sobre ele, fazendo leves carícias sobre seu tórax.
—
Posso ajudá-lo com isso — sorri satisfeita, com a promessa de uma longa e
proveitosa noite ao lado dele, em cima dele, e em todas as outras posições que
pudéssemos imaginar.
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