29 de março de 2014

Capítulo 7 (VCAM)

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O braço de Jacob pesava em minha cintura, e por mais que as cortinas do quarto fossem escuras, o sol infiltrava-se no quarto. Joguei o lençol que me cobria para o lado, e coloquei um travesseiro no lugar onde estava deitada. Jake o apertou, não parecendo notar minha ausência.
Levantei-me e segui para o banheiro, parando em frente ao espelho para olhar meu reflexo. Meu rosto estava resplandecente. Brilhando como nunca. Os lábios estavam vermelhos e inchados. Meu pescoço e colo possuíam várias marcas avermelhadas, marcas dele. Meu sexo estava dolorido, mas eu não me sentia mal com isso. Na verdade, eu nunca havia sentido um orgasmo direito na minha vida, e saber que essa dorzinha era sinal da noite incrivelmente prazerosa que eu tivera, me deixava nas nuvens.
Entretanto, não era certo. Eu fui impulsiva, e não medi as consequências dos meus atos. Não sabia como seria meu relacionamento com Jake dali para frente. Tendia a piorar, considerando a minha sorte.
Saí da suíte e andei desconfortavelmente até o terraço. Vesti o robe, e pé ante pé, segui para a sala. Peguei o telefone e disquei para a cafeteria que visitamos no dia em que nos conhecemos. Pedi dois cappuccinos e uma bandeja de cookies. Menos de quinze minutos depois, o entregador estava na porta do prédio, e eu esperava por ele, evitando que tocasse o interfone e acordasse Jacob. Paguei-o e, ignorando os olhares do rapaz para mim, entrei no edifício.
Deixei o copo de cappuccino, juntamente com os cookies, no criado, próximo à cabeceira da cama. Juntei as poucas coisas que havia levado, abri o portão automático da porta do prédio e saí, largando a chave ao lado do telefone fixo.
Era cedo demais para ter alguém acordado, a cama de Lana estava arrumada, já que ela fora dormir com o noivo. Joguei-me na cama e olhei para o robe amarrotado. Eu estava grudenta... de um jeito bom. Tinha que tomar banho, mas banhar-me significava tirar o cheiro dele do meu corpo, e eu não queria isso.
Levantei-me da cama e andei pelo quarto, olhando para meus pés. As unhas pintadas de branco. Eu não conseguiria ficar ali. Precisava conversar com alguém. Bati na porta do quarto ao lado e, após alguns minutos, uma Morgana sonolenta abriu a porta.

— Oi! — Sorri sem graça para ela, que me deu espaço para entrar.
— O que está fazendo acordada a essa hora?

Ela sentou-se na cama, e cobriu as pernas com o edredom roxo, enquanto eu me acomodava na poltrona em frente à janela da sacada.

— São mais de sete, Morgana — falei e ela deu de ombros.
— Isso não me impede de dormir mais um pouco.
— Certo.
— Então, o que traz você aqui? Não é o restaurante do seu namorado, é?
— Na verdade, é o meu namorado.
— O que aconteceu dessa vez?
— Eu dormi com ele — Morgana olhou-me e soltou uma risada histérica.
— Vocês são namorados, Jullie! É óbvio que vão transar.
— O problema é esse — olhei para a vista fora da janela. — Não somos namorados.
— Como?

Saí do meu lugar e abri a porta, observando atentamente o corredor e verificando se não havia ninguém por perto, além de nós duas. Fechei-a novamente, e voltei e para onde estava.

— Fiz uma besteira tentando me mostrar para Lana.
— Quando se trata dela, você sempre faz besteiras — revirou os olhos.
— Conheci Jacob na manhã em que briguei com Lana. Ele foi gentil, e depois eu peguei o telefone dele. No segundo encontro das madrinhas, eu acabei soltando que tinha um namorado, e dei para Lana todas as características do Jake, inclusive o nome. Para não passar por mentirosa, eu fiz um acordo com ele: se fingisse ser meu namorado, eu arcaria com todas as despesas para a construção do restaurante. Tudo estava indo muito bem, até que eu me deixei levar e transei com ele, ontem.
— Por que transou com ele?
— De tudo o que eu falei, você me pergunta por que eu transei com o Jacob?
— Sim.
— Ora! Eu transei com ele porque eu queria! Eu o desejava, só isso. Mas agora vai tudo ficar estranho, e não vamos mais conseguir manter essa farsa até o casamento.
— Por quê?
— Porque eu misturei diversão com trabalho.
— Se fosse só diversão, você não estaria se martirizando, e nem chegaria em casa cheirando a sexo.
— O quê?
— Julliet, você não tomou banho. Dá para sentir o seu cheiro, e dá para ver que você está adorando isso...

Morgana parou de falar ao escutar o barulho de algo caindo no chão do corredor. Abri a porta e vi um vaso quebrado, e o gato preto de Lana me olhando com uma cara culpada.

— Foi só aquele bicho pavoroso da Lana — entrei no quarto, respirando aliviada.
— Pare de sofrer e se jogue nesse relacionamento! O que tem a perder?
— Minha dignidade?
— Não seja idiota. O homem só aceitou esse acordo porque está a fim de você. Quer um conselho? Fale para ele que está apaixonada, e conte logo para nossa família desse seu namoro de mentira, antes que a notícia vaze.

[...]

— Alô! — atendi o celular sem me preocupar em ver quem era.
— Jullie? — A voz rouCA atravessou meus ouvidos, e arrepiou meu pelos.
— Oi, Jake! — Tentei soar animada.
— Você saiu sem avisar hoje, e... — não o deixei terminar de falar.
— Olha, Jake, me desculpe por ontem à noite, eu não estava em meu juízo perfeito.
— Como? — Seu tom mudou de ansioso para irritado.
— Eu tenho que trabalhar, agora. Revisar contratos, estudar alguns casos. Morgana conversará com você mais tarde, no restaurante. Até mais.
— Espera aí! Vai me dispensar assim?
— Jacob, eu, realmente, tenho muito trabalho a fazer. Vamos nos encontrar em dois dias, no jantar de ensaio. Os trajes são mais formais. Nos vemos em dois dias — desliguei o telefone e olhei para as sessenta folhas de contrato a serem revisadas. Fechei o notebook, e fui para a cozinha.

Vovó estava fazendo mais um de seus famosos bolos de chocolate. Sentei-me na cadeira da bancada, e a observei trabalhar.

— O que minha netinha tem? — Passou a mão por minha bochecha, e sorriu docemente.
— Como soube que meu avô era o cara certo?
— Eu não sabia — eu a olhei assustada. — É verdade! Nosso casamento foi arranjado por nossos pais. Dois anos antes da cerimônia, fomos apresentados. Seu avô era um homem bem apessoado, assim como seu Jake — riu, e eu me senti mal por estar mentindo para ela. — Claro, não era tão grande, mas era um homem belo. Ele tinha aquele “quê” de homem de negócios. Era um verdadeiro cavalheiro. Eu me senti receosa no início, mas depois ele me conquistou — parou de falar e começou a decorar o bolo com chocolate e chantilly. — Mas quer saber como eu tinha certeza de que ele era o homem certo? Quando eu estava com ele, eu me sentia bem. Com ele eu parecia ser única. É assim que se sente com o Jacob?
— Não sei. O que pensaria se eu te dissesse que nós não nos conhecemos tradicionalmente, e nem começamos nosso namoro de uma forma correta?
— Não importam os meios, se você encontrou a felicidade.
— Mas eu não sei se encontrei a felicidade.
— Bom, pois trate de saber. Eu quero estar viva para conhecer meus bisnetos.

[...]

— Esse é seu vestido, priminha? — Lana apontou para a peça protegida pela capa de plástico de uma lavanderia conhecida na cidade. Assenti. — Será que o Jacob vai gostar? — Enviou-me um olhar malicioso. — Ou será que ele não se importa?
— Me deixe em paz, Lana — puxei o vestido, e caminhei a passos pesados para o quarto de Morgana. — Posso entrar? — Bati na porta e entrei, quando escutei-a permitir minha entrada.

Morgana usava um vestido longo na cor salmão. Ele tinha um trançado no colo, e descia liso, logo após um detalhe em prata. Os cabelos estavam lisos e soltos, caindo em seus ombros.

— Você está linda.
— Obrigada. Você também está, embora esteja usando um robe.
— Ah! Isso é o efeito Lana. Não aguentava mais ficar no mesmo ambiente que ela. Posso me trocar aqui?
— Fique à vontade.
— Obrigada.

Arrumei-me calmamente. Não queria me apressar. Para que me apressar?! Eu iria encontrar o Jake em poucos minutos, depois de dois dias sem nos vermos.
Ele não havia me ligado ou me procurado nem uma só vez. Deveria agradecer por isso, mas não. Eu odiei. Detestei não ouvir sua voz, ou não tê-lo beijado durante todo esse tempo. No final, eu acabei tomando banho e, consequentemente, tirando o cheiro dele do meu corpo, porém, nossa noite juntos não saiu da minha cabeça. Eu dormia e acordava pensando nisso. Passava o dia inteiro “acesa”, só relembrando nossos momentos. Talvez minha prima estivesse certa. Eu havia me apaixonado por ele.

— Agora, sim, você está deslumbrante — Morgana me girou, e colocou-me de frente ao espelho.

O vestido era azul, tomara que caia e plissado, até cair delicadamente tampando meus pés. O colar que Jake me dera estava em meu pescoço, e o brinco era pequeno, dando destaque só para aquela única peça. Meu cabelo estava partido de lado e preso, também de um só lado. Deixando os cachos perfeitos cobrirem um pouco o decote.

— É... — falei desanimada.
— Que isso prima?!
— Será que é bobeira minha... essa sensação estranha?
— Fome? — Gargalhou. — Isso é ansiedade para reencontrar o seu Jacob. Agora vá lá para baixo, e conte ao homem que gosta dele.

O andar inferior estava uma bagunça. Não de objetos, mas de pessoas. Eram garçons, convidados, crianças correndo desesperadas, e toda a família reunida. Até tio Edward estava ali, olhando mortalmente para o noivo da ex-mulher, tia Isabella. Procurei por Jacob, e não o encontrei ali, pensava em sair para caçá-lo quando o pai da minha prima preferida me parou.

— Boa noite, tio — abracei-o.
— Ainda me chama de tio?
— Será sempre meu tio, mesmo que tia Isabella tenha trocado você por vários caras com mais dinheiro — arrependi-me de dizer isso quando ele fez uma careta. — Desculpe, às vezes esqueço que ainda gosta dela — ele deu de ombros, como se não importasse.
— E a Lana? Continuam brigando muito?
— Faz parte da vida em família, mas em alguns momentos, penso em matar sua filha — tio Edward balançou a cabeça, e minha atenção foi desviada para o homem moreno cor de caramelo, que acabava de entrar na sala.
— Vá cumprimentar seu namorado. Vou procurar alguns conhecidos.

Caminhei em direção ao Jake, e parei em sua frente, reparando no quanto ele estava bonito e diferente desde a última vez em que o vi. As feições estavam mais duras. Engoli em seco.

— Olá.
— Boa noite, Julliet — me deu um breve selinho, e eu me perguntei se aquela frieza toda era minha culpa. Provavelmente.
— Jake, eu...
— Jacob! — Meu pai me cortou e abraçou-o, dando tapas em suas costas. — Estou me perguntando quando será a vez da minha Julliet. — Tive vontade de enfiar minha cabeça em um buraco.
— Quando sua filha quiser, senhor — Jacob falou divertido. Peguei-me desejando que aquilo não fosse uma farsa.

Nossa comunicação durante a noite se resumiu aos cumprimentos do início, e às conversas forçadas por nosso falso namoro. Recebemos elogios de mais da metade da festa, e ouvimos “nossa, vocês formam um casal tão lindo” tantas vezes, que eu parei de contar. Jacob estava frio comigo por razões óbvias, e eu pensava na melhor forma de dizer a ele que sentia muito, e que gostava dele. Gostava mesmo.
No final da noite eu consegui um tempo com ele. Depois de assistirmos a todas as homenagens exageradas que foram dedicadas aos noivos, vídeos da infância deles, e discursos horríveis, nós fomos deixados em paz numa das mesas do salão.

— Eu queria me desculpar.
— Se desculpar pelo quê? — Perguntou-me grosseiramente.
— Por ter fugido de você nesses últimos dias. Eu não sabia o que fazer. E... — Parei de falar por não saber mais que palavras usar. Olhei para o lado, desesperada para encontrar a coragem que precisava, contudo, a única coisa que encontrei, foi Lana segurando um microfone em uma mão, e uma taça de champanhe na outra.
— Eu queria propor um brinde à minha prima e madrinha do meu casamento. Nós tivemos nossas diferenças, mas crescemos, e eu queria agradecê-la por fazer tudo ao seu alcance para que esse casamento saia perfeito. Inclusive contratar um acompanhante para passar-se por seu namorado. — Meu coração deu um solavanco no peito, e eu senti os olhares recriminadores de todos aqueles que até pouco tempo estavam me bajulando. — É isso mesmo. Ela pagou aquele cara morto de fome ali, — apontou para Jacob — que se passa por um de nós, que tenta se passar por alguém da alta sociedade, para fingir-se de garota sortuda. Aposto que muitas de vocês sentiram inveja dela, não?! Inveja de toda aquela autoconfiança. Inveja do namorado gostoso que sabia cozinhar. Mas eu pergunto: por que sentir inveja de alguém falsa? Ela finge que está satisfeita com o corpo, quando sabemos que ela nunca esteve satisfeita em ser uma vara pau. Finge não ligar para o que eu digo, mas no fundo remói tudo, pois sabe que eu estou certa. Finge estar satisfeita em ser solteira, e se gaba por isso, mas teve que pagar um fodido marombado para ser seu namorado. Um brinde a Julliet Stacey, filha e neta perfeita, advogada perfeita, e namorada mais perfeita ainda.

Virei-me para as pessoas ao meu redor. Vi um brilho de surpresa, e um pouco de desapontamento nos olhos dos meus pais, mas eu estava mais preocupada com Jacob.

— Jacob, eu...

Ele levantou-se da cadeira, nervoso, e marchou para fora do recinto. Corri para acompanhar seu ritmo. Eu gritando para ele me esperar, e sentindo os olhos arderem, e ele procurando as chaves da moto, me ignorando completamente. Somente quando chegávamos ao estacionamento, e ele pegava o capacete, que consegui alcançá-lo.

— Espera, por favor. Eu não tive nada a ver com aquilo.
— Sei que não teve nada a ver com esse show — em todo o tempo que nos conhecíamos, ele nunca havia falado comigo naquele tom. Como se estivesse me recriminando ou me culpando. — O problema, Julliet, é que você não faz nada. Não toma uma decisão. Você tem se escondido atrás desse maldito acordo, e não admite logo o que quer. Eu acabei de ser humilhado na frente de toda essa gente, e o que eu ganho em troca? Nada. Isso é o que tenho ganhado de você. Em todo o tempo que passamos juntos, te dei provas suficientes de que queria algo mais concreto, de que queria ter um relacionamento sério com você, mas sempre se esquivou, e fingiu não ver. Depois que eu te conheci, o que era minha prioridade passou para um segundo plano. Não estou nessa pelo meu restaurante. Não me importo com ele, e pode ter certeza de que vou te devolver cada centavo que gastou comigo.
— Mas... Não Jake.
— Não me chame assim.
— O quê? — Questionei-o assustada.
— Só pessoas que se importam comigo podem me chamar assim, e você, Julliet, neste momento, não passa de uma garota mimada, que me usou para fazer bonito na frente dos amigos e da família.

As lágrimas agora escorriam livres por minha face. Os soluços irromperam em meu peito. Meu corpo tremia. Mas mesmo assim, eu tentei segurá-lo. Jacob ligou a moto e saiu a toda velocidade. Acompanhei-o até a rua, vendo a luz do farol sumir gradativamente no horizonte asfaltado. Sem mais forças, deixei-me cair na calçada, chorando compulsivamente.
Esperava ficar ali por mais tempo, mas fui surpreendida ao sentir os braços do meu pai me rodeando. Ele me carregou para dentro, e eu me vi cercada de pessoas. Lana era uma delas. Fiz força para sair do colo dele.

— Satisfeita?! Está satisfeita? Hoje você me destruiu de uma vez por todas, não é? Tirou-me do seu caminho por “nada” — gritei em seu rosto. — Só me defendi de todas as suas tramoias. E você se vingou destruindo o que poderia ser o único relacionamento real que eu já tive na vida.
— Real? Você o pagava para fingir ser seu namorado.
— Eu não o pagava. Eu só o ajudei a montar o restaurante. Tivemos como ponta pé inicial o acordo, mas era mais que isso. E você destruiu. Nem hesitou em nos humilhar, em me envergonhar. E por quê? Eu nunca fiz nada de mal para você. Eu não entendo. Não me importo de ter transado com meus antigos namorados, não gostava de verdade deles, mas do Jake eu gostava. Ele me queria desse jeito, sem tirar nem pôr, mas eu fiquei com medo. Medo do que você poderia fazer. No final, você só foi o estopim do que acabaria acontecendo por minha culpa. Mas eu devo te agradecer, aprendi que dar ouvidos para o que os outros dizem é a pior besteira que alguém pode fazer. — Comecei a entrar em casa, quando me lembrei de Dimitri. — Se eu fosse você, — falei para ele — saía de perto dela o quanto antes. Vai se casar com uma cobra e, como sabe, cobras dão o bote quando menos se espera.

Subi as escadas rapidamente, e coloquei minhas malas no chão do quarto. Abri as portas do closet, tirando as roupas e jogando-as de qualquer jeito dentro das bolsas. Ao terminar, arranquei as sandálias dos pés, e desci descalça para a garagem.

— Minha filha, tente se acalmar! — Minha mãe me seguia, ao seu lado, meu pai e meus avós tentavam me persuadir a ficar. Mas eu não ficaria. Nem que eu dormisse no carro, eu não ficaria sob o mesmo teto que Lana.

Abri o porta-malas, arremessando as bolsas lá dentro e fechando-o em seguida. Enfiei-me no carro, e tentei acertar a chave no contato para finalmente sair dali, porém minhas mãos tremiam demais, e meus olhos estavam embaçados, como se eu estivesse em um automóvel sem limpador de para-brisas, num dia chuvoso.
Minha mãe estava desesperada, e gritava com meu pai, que, depois de se debater, tomou uma decisão. Colocou a mão para dentro do carro através da janela, que tinha o vidro abaixado, e destravou as portas. Puxou a chave de mim e me carregou para fora, dando a volta e me sentando no banco do carona.

— Vou levá-la para um hotel, vou passar a noite com ela, então, se acalme. Nada vai acontecer, Julliet só precisa se acalmar.

As ruas passavam pela janela do carro. Luzes, casas, pessoas. Não havia nada ali que me interessasse. A única pessoa que me importava, acabara de me chutar por, exclusivamente, minha culpa.

Meu pai fez nosso registro no hotel, enquanto eu olhava para a decoração requintada do lugar. Daria tudo para estar no apartamento dele. Adentramos o quarto, e eu prontamente deitei-me na cama macia e gelada. Pequenas gotas caíram dos meus olhos, molhando os lençóis. Fechei-os e me virei para a parede, evitando o olhar pesaroso de meu progenitor. Felizmente, ele ignorou meu gesto de recusa, e colocou minha cabeça em seu colo, fazendo carinho em meus cabelos enquanto tirava os grampos e meus brincos. Quando ele tentou tirar o colar, o freei.

— Ele fica — falei segurando com força os pingentes, na esperança de que eles me conectassem com Jacob. Isso seria impossível de acontecer, mas naquele momento, eu só queria algo em que me apoiar, algo que me ligasse a ele. O colar era esse elo.

Devo ter ficado acordada por horas... ou minutos. Só sei que quando adormeci, tentava puxar na memória o cheiro dele. O calor de seu corpo. A voz rouca. A risada contagiante. Dormi pensando em chocolate, vinho e Jake.



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